dezembro 18, 2010

Subsídios históricos (Paredes de Coura)

Em tempos de comemorar o 1º centenário da proclamação da República, é tempo de recordar algumas das figuras mais proeminentes de Paredes de Coura. De todas elas, destaco, pela sua importância pessoal, política e cultural a figura do Dr. Narciso Alves da Cunha.
Tendo vivido 62 anos, Narciso Alves da Cunha, e dada a sua amizade com o político e semi-courense Bernardino Machado, nome cimeiro dos primeiros tempos da República, teve uma influência ímpar na política regional, sobretudo depois de ter sido eleito deputado e senador, cujos cargos exerceu entre 1911 e 1913.
Apesar de ter sido membro do Partido Regenerador até Outubro de 1910, a República não o diminuiu politicamente, pois a sua formação humana rapidamente o colocou como membro do Partido Republicano, em estreita amizade com João Chagas e Afonso Costa, entre outros, não sendo possível esquecer o nome de Bernardino Machado, que começava a desempenhar os principais cargos da Nação.
Tendo-se mantido fiel ao Partido Regenerador até ao fim da monarquia, há uma polémica muito interessante com o António Mota, deputado e responsável em Valença e Paredes de Coura pela ala conservadora saída do Partido Regenerador, chefiada por Campos Henriques. Nessa mesma altura, Narciso Alves da Cunha apoiava Teixeira de Sousa, amigo pessoal de Bernardino Machado e de Afonso Costa, e nomeado líder do Partido Regenerado em Dezembro de 1909, bem como último chefe de um governo monárquico. É neste contexto que deve ser analisada a seguinte carta, envida pelo Drº. Narciso ao Drº António Mota, deputado nacional, natural de Valença, e dirigida para o Hotel Europa, Lisboa, em 26 de Janeiro de 1909.

“Meu caro Dr. Mota:

São sete horas da noite e acabo de receber o seu telegrama de hoje, no qual diz “que se considera incomodado dos seus encargos enquanto não reaver voto de confiança em harmonia com a nossa entrevista de finais de Dezembro”.
Em finais de Dezembro, para cumprir um dever de amizade e delicadeza, procurei o meu caro Dr. em sua casa para o cumprimentar, pois que da última vez que eu tinha estado em Valença, já o quisera fazer, chegando a indagar se estava ou não em sua casa, mas não me foi possível, por falta de tempo. Se a isto, à visita que eu fiz, em finais de Dezembro, chama entrevista, concordo com o termo empregado.
A verdade é que, por essa ocasião, abordado o assunto do Campos Henriques eu disse ao meu bom amigo que nós (os de Coura) nada tínhamos deliberado sobre o assunto. Disse-lhe a verdade e só a verdade.
Depois o Dr. Mota fez as suas apreciações quanto ao facto de Vilhena ter ou não tacto e qualidades para dirigir o partido. Concordei consigo neste ponto.
Depois falou-me de favores e finezas que devia ao Pimentel Pinto; depois leu-me e apreciou uma carta do Dr. Arturr ; depois falou-me de favores que devia ao Campos Henriques, dos embaraços em que tal estado de causas o colocava, e por último, que ficaria independente.
Prometi-lhe alguma coisa? Tomámos alguma deliberação, concertada entre ambos? O meu bom amigo saiu do partido regenerador?
Se saiu, não pode ter a confiança política do partido que foi de Miguel Dantas: se não saiu encontra-me e encontra todo o partido regenerador de Coura onde estávamos. E pergunto se saiu porque aqui corre, á boca cheia, que o Dr. Mota passou para o Campos Henriques; e tem-se estranhado, a ser isso verdade, como parece, não ter dito, claramente, a sua resolução.
Se, pois, se mantém fiel ao partido regenerador, o voto de confiança, de que fala, não se fará esperar. Se, porém, está com o Campos Henriques, nada me importa que leve consigo todos os partidários deste concelho, que o foram de Miguel Dantas, menos a mim.
Quem não pode representar, numa assembleia geral do seu partido, o eleitorado com quem tem ajudado a fazer deputados, também não pode continuar a prestar iguais serviços a quem faz afirmações daquela natureza.
Pão, pão, queijo, queijo. Continuo na minha teima: não estou resolvido a serviçal de cão mudo ao Snrº. Campos Henriques. Não estou e não serei.
Podia dizer tudo isto em duas palavras. Entendi, porém, que devia ao meu caro Dr. Mota esta definição de situações: eu onde sempre tenho estado, os outros onde quiserem.
Com o maior prazer recebo as suas ordens e assino-me
Seu afectuoso amigo, e com muito obrigado. Coura, 26-1-909 Narcizo”

dezembro 05, 2010

Que nada se sabe...

Que nada se sabe!
Esta frase pode significar muita coisa, mas é o título de um livro, escrito entre os séculos XVI e XVII, por Francisco Sanches.
Tendo sido denominado um precursor de Descartes, o filósofo da dúvida metódica, o bracarense Francisco Sanches não quis dizer que nada sabemos sobre o mundo ou sobre as coisas, apenas que o conhecimento dos homens não pode ser superior ao conhecimento, inacessível, de Deus.
Colocando de lado as questões mais ligadas ao conhecimento, e entrando no espaço político, parece que nada sabemos sobre o nosso futuro como país.
Paira sobre os portugueses um certo nervosismo e uma justa desconfiança relativamente aos políticos que nos têm governado nas últimas décadas.
Nada sabemos sobre o que nos espera nos próximos anos e décadas.
No entanto, adivinha-se que a maioria dos portugueses será confrontada com muitas dificuldades, enquanto, alguns, uma minoria que tem crescido enormemente, têm um paraíso dourado à sua frente. São os tais das mais-valias financeiras e os que politicamente dão sentido à célebre frase do António Guterres: the jobs for the boys (“os empregos para os rapazes” – amigos do poder, obviamente).
Sobre a crise económica nada sabemos. No passado, nada nos disseram de verdadeiro, já que nos enrodilharam em promessas e mais promessas que jamais dariam resultados. Promessa vinda da esquerda, por vezes cega quanto às efectivas possibilidades de mudar, e promessa oriunda da direita, quase sempre eufórica sobre as facilidades imediatas da mudança.
O mundo político parece que nada sabe sobre a vida dos portugueses. Apenas sabe que é um povo contribuinte, pagante ou não pagante de impostos, dependendo dos mais honestos e dos mais espertinhos, e sobre quem se poderá sempre aumentar o peso do dia-a-dia, mesmo que isso signifique despedimentos, redução de salários (para sempre, diz-se!), subida de impostos, levantamento de barreiras na educação e na saúde, enfim, o anúncio que o Estado-social vai enfraquecendo, qual moribundo que corre para a sua própria cova.
Sendo já enorme a crise, porque Portugal sempre teve a tendência doentia para se endividar no estrangeiro, ficando nas mãos dos investidores financeiros, as tais figuras invisíveis que constituem o mercado, nada se sabe sobre o que ainda falta acontecer nos próximos tempos.
Vamos cair nas garras do poder do Fundo Monetário Internacional? Vamos pedir para a porta da União Europeia?
Não, não vamos! Sim, vamos!; Possivelmente, vamos, como aconteceu aos gregos e aos irlandeses!. Obrigatoriamente, vamos, para que os espanhóis e, mais tarde os italianos, não entrem em crise.
Apesar de nada se saber sobre o dia de amanhã, muitos jovens portugueses já sabem que o seu futuro não passa por este país, mesmo estando mais habilitados a responder a novos desafios.
E um país que expulsa os seus jovens mais qualificados, como no passado expulsou os seus adultos menos qualificados, nada sabe sobre si mesmo.
Que realmente se pode saber sobre nós portugueses?

novembro 20, 2010

Novas Oportunidades...

http://correiodominho.pt/noticias.php?id=37741

novembro 19, 2010

Subsídios para a História de Paredes de Coura

No nosso vizinho concelho de Paredes de Coura, por iniciativa do nosso estimado amigo Snrº. Senador Narciso Alves da Cunha, reuniram-se, há dias [possivelmete em 1911] naquela ridente localidade, muitos republicanos históricos e outros democratas de incontestável valor político, amigos da República, e por proposta de S. Ex.ª, abraçada com caloroso entusiasmo, foi resolvido fundar ali um centro democrático sob a designação de “Centro Republicano Português Afonso Costa”.
Aplaudimos, incondicionalmente, mais este valoroso serviço prestado pelo ilustre Senador Alves da Cunha à República e ao seu concelho, assim como felicitamos este pela orientação política que toma, pois o partido democrático é, pelas suas ideias, pelo valor intelectual dos seus dirigentes, e até pelo seu esforço combativo, a mais valiosa garantia das novas instituições.
Depois, a autoridade moral, o carácter, o prestígio do nosso estimado amigo Dr. Narciso Alves da Cunha é penhor e segura garantia de que a nova colectividade política, em via de organização, não só há-de traduzir, praticamente, o espírito democrata e desempoeirado do seu fundador, mas estamos certos de que há-de agremiar os melhores e mais dedicados amigos daquela florescente localidade.
O senador Alves da Cunha é, incontestavelmente, um sincero e dedicado regionalista, como bem demonstrou na última sessão legislativa, defendendo, calorosamente, interesses e melhoramentos vitais para o nosso distrito. É de esperar, pois, que vote ao novo centro todo o seu carinho, procurando fazer valer, com a sua costumada solicitude, junto dos poderes públicos e nas altas regiões do Estado, as pretensões, que lhe forem recomendadas por aquela agremiação.
Sabemos que, para pôr em prática, o novo Centro foi nomeada uma grande comissão de republicanos históricos e doutros elementos muito valiosos, a qual deu, imediatamente, começo aos seus trabalhos, organizando comissões paroquiais, compostas de indivíduos reconhecidamente dedicados à República.
Felicitamos, por isso, o bom povo de Paredes de Coura, o qual continuará a ter quem, politicamente, o dirija e sinceramente se interesse pelo seu progresso e desenvolvimento.
E seja-nos permitido, neste momento, lembrar ao concelho de Valença que, talvez, não perdesse o seu tempo em fazer uma demarche até junto daquele homem público, pois é bem sabido que ele tem, entre nós, amigos sinceros e que vota á nossa terra especial afeição.
O seu tacto político, as suas relações políticas e pessoais, a estima que por ele tem elementos preponderantes na Republica justificam a nossa lembrança.
Valença, pode dizer-se, não tem tido quem, ostensivamente, se tenha interessado por ela, nos últimos tempos; e, contudo, tem pendentes de resolução superior assuntos de incontestável importância, que por bem sabidos, nos abstemos de enumerar.
Não se convença ninguém de que estamos em tempos de colher o maná sem esforço, sem trabalho; e por isso organizar as nossas forças sob o patronato do Snrº. Dr. Narciso, tão conhecido nosso, será o meio mais eficaz para dar coesão e vitalidade às forças de que Valença pode dispor.

novembro 04, 2010

Da saúde que não existe....

Em reunião da Comunidade Intermunicipal do Minho e Lima, realizada em finais de Outubro de 2010, foi apresentada um documento de trabalho que contém o Relatório da Comissão de Acompanhamento das questões da saúde da CIM- Alto Minho (nos dez concelhos).
Tendo sido elaborado por um grupo pluripartidário, o documento é fortemente crítico da realidade que se vive nalguns concelhos, com destaque para o de Paredes de Coura.
Ainda que os dados solicitados ao Ministério da Saúde e demais órgãos não tivessem sido entregues, o que revela bem a falta de transparência da Administração central, os autores do documento centraram-se no encerramento de alguns centros de saúde, dando mais atenção ao de Valença.
Não querendo entrar no bairrismo entre Valença e Monção, que é bem visível quer no texto escrito, quer nas discussões travadas na sessão, apenas me interessa destacar, nesta crónica, o que é dito sobre Paredes de Coura, resumindo-se a um simples parágrafo, assim transcrito:
“Não é cumprido o protocolado entre o Ministério da Saúde e os Municípios. Não se compreende como o concelho de Paredes de Coura ainda não recebeu a ambulância SIV a que tem direito, sendo esse serviço colmatado pelo SIV de Ponte de Lima, obrigando a que os dois concelhos fiquem fortemente prejudicados”.
Descodificando a linguagem da frase, uma ambulância SIV significa “ Suporte Imediato de Vida”, assegurado por um enfermeiro e um técnico de ambulância de emergência, e a sua circulação pelas estradas do concelho serviria para compensar o fim do atendimento médico no centro de saúde.
Como o centro de saúde de Paredes de Coura fechou no horário nocturno, inicialmente das 20h às 8h e actualmente das 22h às 8h, a presença da ambulância SIV deveria, à partida, estar assegurada, o que realmente não está a acontecer por falta de cumprimento manifesto do Ministério da Saúde (dever-se-ia escrever de acordo com a confiança que depositamos nos organismos.
Quer dizer: já não se pode confiar nas instituições públicas, pois algumas delas, incluindo algumas do Ministério da Saúde, não cumprem o que acordam com as câmaras municipais, sentindo-se estas reféns de um poder político que desrespeita um dos direitos básicos assegurados aos portugueses pelo Estado, de acordo com o tem sido definido ser o Estado-providência ou o Estado-social.
O que foi afirmado pelos autores do documento é que Paredes de Coura se encontra num estado de fragilização em termos de saúde, no horário das 22h às 8h, o que não é realmente animador para todos quantos vivem permanentemente no concelho ou que nele se encontram pontualmente. Foi protocolado que a dita ambulância estaria em Paredes de Coura e daria resposta às necessidades de saúde, mas tal não acontece, infelizmente. Para mal de todos os que se encontram em Paredes de Coura ou em Ponte de Lima.
E para quando a palavra de alguns responsáveis públicos será uma palavra de verdade e não de mentira?

outubro 20, 2010

Para lá e para cá.... mais nove ou menos nove horas!


Para lá e para cá.... andamos, qual andarilhos do tempo, à volta do mundo, como se ele fosse plano, cada vez mais fácil de calcorrear, sobretudo quando sentados nos assentos de super-aviões.
Partimos e chegamos como se o tempo estivesse comprimido, tornando-nos actores privilegiados da globalização.

outubro 19, 2010

Crise... crise... crise...

Completamente inundados por uma crise financeira que afecta de forma tão dura e cruel muitos portugueses, para não falar da falta de credibilidade internacional que o país começa a manifestar, com cenários macroeconómicos desfavoráveis a médio prazo, muitos de nós não sabem o que fazer.
Como não se pode enterrar a cabeça na areia, precisamos de olhar para o presente e arranjar ideias firmes sobre o modo menos doloroso de sair desta estúpida crise.
Há uma ideia geral sobre a qual todos temos a mesma concordância: Portugal tem vivido, ao longo dos últimos séculos, acima das suas possibilidades reais. A história do século XIX, sobretudo da independência do Brasil, revela que as contas públicas sempre foram deficitárias, sendo necessário pedir emprestado (e pagar os juros elevados, obviamente) lá fora.
Se o tio-patinhas do Estado Novo ainda amenizou esta tendência, ainda que os gastos coloniais fossem depauperantes para o país, antes de 1926 e depois de 1974, a situação agravou-se de forma significativa. Vivendo-se com dinheiro emprestado, é evidente que a riqueza criada no país precisa de aumentar ainda mais, o que não tem acontecido.
Há uma outra ideia sobre a qual não pode haver discordância, mas que teima em persistir: o Estado gasta mais daquilo que pode.
O despesismo reinante do Estado não pára de aumentar, tomando-se medidas indevidas não só para multiplicar a criação de organismos e assegurar assessorias políticas, bem como para garantir elevados ordenados e incríveis mordomias àqueles que andam pelos corredores do poder (e que não se esgota no governo da República, havendo outros lugares).
Também não pode haver discordância sobre esta ideia: se a crise tem de ser resolvida, quem mais deve contribuir para a sua resolução são que têm mais meios económicos, fazendo-se com que a justiça da crise seja redistributiva, ou seja, que a coesão social seja um factor real e que os que mais têm sejam aqueles que mais venham a contribuir para a descida do défice das contas públicas.
No entanto, a realidade dos portugueses parece ser outra. Como não creio em milagres políticos, nem tão pouco me encanto com promessas descabidas, os próximos anos serão duríssimos, independentemente da cor dos governos ou da cara dos políticos.
Depois de tantos anos e décadas de descuidos políticos, há, agora, regras a cumprir, regras essas que são determinadas pela União Europeia, e possivelmente pelo Banco Mundial, pois já não sabemos sair deste buraco em que estamos cada vez mais enterrados.
E como ainda mantemos a cabeça à superfície desse buraco, ainda vai dando para observar quando é que o salvamento pode chegar, esperando-se que seja rápido e que as decisões políticas sejam as mais adequadas, pois, caso contrário, toda uma geração de jovens, que agora começa a procurar trabalho, pode ficar irremediável e totalmente perdida.

agosto 25, 2010

Volta a Portugal ....ou de uma "vueltita"?


Naquele ano longínquo, dos meus anos de infância já crescida, talvez a entrar para a escola, data que nos limita o antes e o depois de muitas das nossas memórias, recordo-me de ter assistido, na Volta da Quinta, à passagem, no sentido Extremo-Paredes de Coura, da volta a Portugal em bicicleta.
Sei que foi uma tarde de festa, de um lindo espectáculo, com muitos carros, de propaganda e de apoio, e com corredores que mal se viram, dada a insuficiente subida da recta da Volta da Quinta.
Decorridos tantos anos, assisti à passagem de mais uma volta, tendo escolhido o mesmo local e tendo colocado as mesmas expectativas. Por isso, fui mais cedo, levei também parte da família, e juntei-me a tantos outros que se foram posicionando nos melhores lugares.
Porém, as circunstâncias agora são outras. Não as do lugar, mas as do tempo.
O lugar continua a ser bom para ver passar a volta, com um amplo ângulo de visão, que leva a que aí ocorra, à mesma, muita gente (daí que, nos jornais do dia seguinte, os jornalistas afirmassem que a volta tivera um grande apoio em Paredes de Coura, possivelmente registando o entusiasmo da Volta da Quinta!
As circunstâncias do tempo alteraram-se para pior.
O mercado, que sempre animou a volta, funciona diferentemente. Já não há carros de publicidade, e tantos eram os que passavam antes dos corredores, distribuindo pequenos-nada!
Desta vez passou um único carro de publicidade, num linguajar espanholado, que vendia (sim, vendia), a cinco euros, bugigangas oficiais da volta.
Depois desse carro, e pouco antes de os corredores aparecerem, começou o triste espectáculo da polícia de trânsito, tentando impor, de forma inútil, a ordem em cruzamentos e entroncamentos, deixando largos espaços de tempo, o que permitia que carros e motas estranhos pudessem fazer parte da caravana.
No espaço que observei, a GNR local não teve qualquer participação, deixando-se toda a competência para os senhores das motos reluzentes, já que o mercado funciona de um outro modo, sendo necessário minimizar gastos. E cada vez mais, e não só para a volta, a palavra redução assume foros de estupidez, que não se compreende em certos casos.
Os corredores, os principais da volta, passam fugidiamente, não se vislumbrando, devido à publicidade das camisolas, quem levaria a camisola amarela, e a que equipas pertenceriam, pois quase todos fazem parte de equipas dominadas por marcas publicitárias e pelo mercado espanhol.
Já não há grandes nomes portugueses no ciclismo e os que vão existindo apenas podem ter acesso à conquista de uma etapa. Se ganham a volta, logo são desclassificados por doping, perdendo-se, com isso, o encanto de outrora, em que os nomes portugueses mandavam de forma autoritária na estrada da competição.
As equipas portuguesas apagaram-se e deram lugar às segundas figuras de equipas espanholas, originando o que bem se poderia chamar, hoje em dia, “prólogo da volta a Espanha” e não, propriamente, tal como parece acontecer, “volta a Portugal em bicicleta”.

Volta a Portugal em bicicleta


O distante....

Volta a Portugal em bicicleta

Os corredores...

Volta a Portugal em bicicleta

Os corredores...

Volta a Portugal em bicicleta

O caótico e fraco trabalhos dos "mandantes" no trânsito....

Volta a Portugal em bicicleta

Os fugitivos...

Volta a portugal em bicicleta


À espera da Volta na Volta da Quinta (Paredes de Coura)

abril 28, 2010

Amazónia

Sempre tive nos meus horizontes uma visita à Amazónia.
Por motivos diversos.
Talvez o mais forte, o da natureza.
Sem ter entrado no coração da Amazónia, pude ter um primeiro contacto com aquilo que ela representa, mesmo a partir de um meio mais urbano como é o da cidade de Belém.
Com um presenla histórica portuguesa muito significativa, porque outrora terra de extracção de borracha e de exportação de madeira, para além da exploração de metais (ouro e gema), Belém é uma cidade muito dinâmica, com espaços lindíssmos e com pessoas fantásticas.
Os Belenenses, ou Belemenses, ajudam-nos a abrir uma porta para a Amazónia, falando-nos dos saberes das águas, das árvores, das plantas e das gentes.
Por agora, estive nas docas de Belém, no mangar das garças, flutuei pelas águas barrentas dos rios e reacendi a vontade de uma dia ir mais longe e mais dentro.

março 31, 2010

Mudar de nacionalidade?

Diz-se que a crise económica é mundial, intersectando todos os países, mais ainda quando todos eles estão ligados pela globalização.
A crise na saúde parece ter duas faces distintas em Portugal e em Espanha, concretamente no Minho e na Galiza.
Do lado de cá fecha-se tudo, concentra-se e aperta-se a rolha, querendo-se subjugar a população a um modelo meramente estatístico.
Do lado de lá passa-se o contrário. Abre-se num novo centro de saúde e projecta-se o seu crescimento para servir a população abandonada e esquecida pelo governo português.
E perante isto faz-se uma marcha lenta, protesta-se com calma e encolhem-se os ombros...
Por que não mudar de nacionalidade?
Sempre se manteria a cidadania europeia!

março 23, 2010

Coyra (Terra de)

Coyra é uma terra e povoação antiga, mas a sua origem surge no contexto dos forais novos e não dos forais antigos, tendo resistido à grande extinção de concelhos (cerca de oitocentos) em 1832. A origem de Coura perde-se nos primórdios dos povos que foram invadindo a Península Ibérica, num vaivém civilizacional, e encontra-se mais consolidada no julgado e concelho de Fraião, uma torre medieval, cercada de terrenos de cultivo de cereais e de pastos, entretanto perdido no tempo e localizado ou nos confins da Boalhosa, ou em Boivão (Valença), ou no interior do concelho de Coura (como é escrito na carta de foral), possivelmente em Insalde.
A carta de foral, outorgada a 15 de Abril de 1515 à Terra de Coyra, está na origem do nascimento formal do concelho, num momento em que o rei (D. Manuel I) tenta consolidar os seus poderes sobre os senhorios, detentores de muitas terras e nas quais cobravam impostos e administravam a justiça. O nome de Paredes de Coura surge somente em 1875, com a criação da comarca.
Coura nasceu, por isso, de uma luta dos municípios, apoiados e legitimados pelo rei, contra os senhorios, em que o governo camarário dos homens-bons se foi tornando dependente de uma centralização porque esse era o caminho a seguir para se libertarem do jugo dos senhores da terra, que agiam sobre as populações de forma arbitrária e prepotente. Dito de outro modo: o poder nacional dos reis foi preferível ao poder local dos senhores e foi dessa vontade de emancipação que Coyra nasceu. Será que o desejo da regionalização é uma situação diferente daquela que foi tomada pelos courenses de quinhentos?
O desejo do poder nacional por parte dos concelhos foi, também, o desejo perseguido pelos reis, numa casamento de conveniência que vai perdurando até aos dias de hoje, mesmo depois da extinção dos forais, em 1832, e da queda da monarquia, em 1910. Porém, a concessão do foral a Coyra não é uma mero acto administrativo, acarretando obrigações para os poucos habitantes, dos quais se conhecem alguns nomes. A transcrição seguinte, retirada do foral, é uma primeira lista de lavradores e lavradeiras de Coyra, nossos antepassados e aos quais, decerto, muitos de nós estão ligados:

Afonso Butão
Afonso do Barreiro
Afonso Esteves
Afonso Galego
Afonso Ramos
Afonso Regueifa
Álvaro Afonso
Álvaro da Porta
Álvaro de Agrela
Álvaro de Codeceda
Álvaro Pereira
Álvaro Vaz
Constança Afonso
Constança Pereira
Diego de Casalteiro
Diego de Insalde
Diego do Souto
Diego Martins
Estêvão do Terreiro
Fernando da Seara
Fernando de Cerdeira
Fernando do Covelo
Fernando do Outeiro
Gonçalo de Aygro
Gonçalo da Foz
Gonçalo de Lebre
Gonçalo de Vilarim
Gonçalo Rodrigues
Guiomar das Lages
João Casado
João Crespo
João da Eira
João das Carvalhas
João de Castro
João de Chancão
João de Lisoiros
João de Miranda
João de Resende
João de Solmil
João do Espadanal
João do Rio
João Eanes da Cunha
João Galvão
João Novo
João Pires
João Vaz
João Vaz da Cunha
Lourenço Anes
Margarida Gonçalves
Maria Abade
Maria Fernandes
Maria Lourença
Pedro de Talho
Pedro Eanes
Pedro Ramos
Pedro de Godela
Pedro Fernandes
Rodrigo de Resende
Rui Casado
Rui da Ponte
Rui da Seara
Rui da Torre
Rui de Requião
Rui Lourenço
Vasco de Vermoim
Vasco Rodel
Veiga de Gorgal

fevereiro 11, 2010

Marcas portuguesas em Timor (VII)


Mercado de Bacau

Marcas portuguesas em Timor (VI)


Mercado de Bacau

Marcas portuguesas em Timor (V)


Mercado de Bacau

Marcas portuguesas em Timor (IV)


O Mercado de Bacau é uma preciosidade arquitectónica, pena é que esteja no estado deplorável em que está.

fevereiro 04, 2010

Timor: marcas portuguesas (III)


Bairro da cooperação portuguesa: Dili

Timor: marcas portuguesas (II)


Bairro da cooperação portuguesa: Bacau

Timor: marcas portuguesas (I)


Quem visita Timor, pode considerar-se em casa. Para além da língua oficial, a portuguesidade sente-se para onde quer que a gente vá.

Ficam aqui algumas imagens.

janeiro 30, 2010

Só pessimismo?

Por norma, a voz dos economistas é pessimista. Sempre são os primeiros a traçar quadros negros, em semelhança directa com a Organização Mundial de Saúde a prever, e a querer, pandemias.
E eis que esse pessimismo está de volta. Depois das grandes obras, discutem, agora, o emagrecimento do Estado. Devido à obesidade orçamental, o melhor é privatizar, mantendo apenas duas áreas de intervenção: justiça e defesa. O resto é com o mercado, incluindo a saúde e a educação.
Não duvido que quando a direita ganhar as eleições legislativas tal ideia será implementada em Portugal. Mas então também deveria ser possível que o Estado deixasse de financiar partidos políticos e que o mesmo prescindisse de arrecadar os nossos impostos.
Nesse caso, ficaríamos com a justiça e defesa como áreas nobres do Estado, isto é, um Estado com uma justiça para ricos e para pobres e com uma defesa que daria para fazer algumas intervenções pontuais (de que Timor é um bom exemplo) e para responder a um tirozito vindo do lado de Espanha. Nada mais.
E assim os economistas, e também banqueiros, gestores financeiros e homens-ricos dos serviços, vão dando entrevistas, preenchendo folhas de jornais e inundando espaços televisivos para dizer que a privatização é a melhor solução para resolver os graves problemas decorrentes do endividamento do Estado e do afastamento contínuo dos portugueses relativamente a padrões europeus.
A teoria parece perfeita. Porém, quando os bancos faliram foi preciso que o Estado corresse a injectar somas astronómicas de euros que, só por si, dariam para resolver os problemas orçamentais da saúde e da educação por muitos e muitos anos.

janeiro 08, 2010

Timor (IX)


Timor (VIII)


Casas em Timor: a imagem mais típica