outubro 30, 2007

O início do fim...

Andou por estes dias um governante por terras do Alto Minho e assinou uma série de compromissos. Um deles diz respeito a Paredes de Coura. O início do fim da obra, para a construção da ligação da sede do concelho à auto-estrada, nó de Sapardos, começou.
Na expressão latina -alea jacta est - a sorte está lançada. Resta esperar. Não sentados, mas vigilantes e atentos para que os tempos se cumpram, a obra ande e a via apareça.
Mais do que nunca, é necessário reivindicar, pois as promessas não podem ficar eternamente no papel.
Acredito que a ligação vai sair do papel e que Paredes de Coura vai ultrapassar um dos seus grandes obstáculos ao desenvolvimento.
Mas... não nos deixemos adormecer.

outubro 18, 2007

"Vende-se"

“Vende-se” – é a placa que mais encontro no concelho de Coura.
Em todo o lado, o frio das letras interioriza não a consagração do princípio do mercado, assente na oferta e procura, dependentes da vontade e necessidade do cliente, mas o esvaziar de espaços afectivamente construídos no caminhar de muitas gerações.

À minha volta, em Santa, o silêncio faz-se sentir. As crianças não brincam pelos caminhos, as pessoas não se cruzam como outrora e o “bom dia”, o “boa tarde” e o “boa noute”, como gostava de pronunciar meu pai, não se ouvem com tanta frequência.

Agora o carro também limita ainda mais essa comunicação de caminhos, mais forte há anos atrás porque todos se conheciam e para todos havia um registo muito personalizado.

As pessoas partiram, algumas para todo o sempre, e no seu lugar ficou a terrível placa “vende-se”.

Num espaço reduzido como é o monte de Santa identifico pelo menos oito lugares à venda. Mais do que a procura de novos donos, que trazem outros sonhos, e com quem não terei muito a oportunidade de dialogar, pois chegam e partem apressados, sinto o vazio dos que lá moraram, ainda que mentalmente possa reconstituir cenas e figuras do passado.

Em quase todos esses espaços, em abandono afectivo, há vidas que se cumpriram no amor eterno ao lugar, há vidas que partiram para outras terras e há vidas que ficaram desamparadas.

Podemos dizer que o ciclo das coisas é algo natural. A nossa humildade de humanos está precisamente na aceitação deste pressuposto que nos torna passageiros de uma viagem bem sinalizada. Mas se muitos partiram, o facto é que outros não lhes sucederam, prolongando o cordão umbilical das famílias. O ritual da sucessão quebrou-se, e daí o vende-se.

E esta placa, mais do que um negócio, é uma borracha que apaga os sentimentos dos lugares, tornando deléveis as imagens daqueles que conhecemos tão bem, por mais incisivos com que tenham sido registados.

Os que chegam de novo trazem os seus laços familiares, olham para os locais como moribundos afectivos e, passado algum tempo, afixam uma placa a dizer “vende-se”.

Neste ritmo de compra e venda, os sentimentos não são comercializáveis. Não há mercearia onde possamos comprar o que mais de familiar nos liga à memória viva dos lugares e não há dinheiro possível para um acto que se torna num verdadeiro sofrimento para quem decide escrever numa placa as sete letras (vende-se) que indicam o fim de um caminho percorrido com muitos afectos.

outubro 11, 2007

Cruzadas palavrosas

Filomena Mónica, ex-socióloga e actualmente opinion-maker, escreveu imenso sobre educação, sobretudo sobre Sociologia da Educação, nos primeiros anos de vida académica, e sobre exames, há uns anos atrás.
Como não compreendeu ainda muito bem como é que a escola funciona e quais são os factores pelo atraso endémico de Portugal, ultimamente tem zurzido nos doutores da educação, que elegeu como principal alvo de estimação.
Não consta, no registo político português, que algum desses doutores tenha sido ministro da educação. Daí que tivesse escolhido secretários de estado como alvo político fácil e que tenha atribuído, só na imaginação, claro, a Roberto Carneiro o título honorário de Doutor em Educação.
Mais do que criticar, e erradamente, seria bom que Filomena Mónica apresentasse ideias construtivas para a melhoria do sistema educativo e que, já agora, tivesse a oportunidade de as implementar.
Como seria a reforma educativa Maria Filomena Mónica?

outubro 01, 2007

Eleições

O PSD lá cumpriu o ritual de auto-flagelação em público, com as eleições para líder do partido, para escolher entre dois não-candidatos.
Ganhou um e perdeu outro, obviamente, perderam os dois, talvez, não ganhou nenhum deles, certamente.
Lendo os escritos e escutando os comentários das elites social-democratas, onde estão Pacheco Pereira e Marcelo Rebelo de Sousa, o que se avizinha é confrangedor para o partido e para o país. Vamos assistir à "gaiaziação"da política, mesmo que isso signifique ter lindas obras, que até apreciamos, mas uma dívida monumental ao nível da autarquia de Vila Nova de Gaia, primeiro quartel-general do agora líder Luís Filipe Menezes (o plagiante escrevinhador de blogues, como foi politicamente apresentado).
O que proporá Menezes para a educação? Se copiar as ideias neo-liberais será ainda muito pior daquilo que agora temos. Mas aguardemos.