maio 29, 2008

O estudo elaborado por Alfredo Bruto da Costa sobre a pobreza em Portugal revela uma das maiores debilidades do sistema político português. A direita sempre disse, e continuará a dizer, que a pobreza é estrutural e que as pessoas são pobres porque é a fatalidade de serem pobres, como se fossem os primeiros e únicos responsáveis por essa desgraça social; por sua vez, a esquerda acentua, como o fará sempre, que muita coisa já foi realizada e que os pobres já beneficiam de apoios sociais significativos.
Nesta lengalenga de ideia políticas, o problema persiste e todos sacodem a água do respectivo capote. O problema parece ser somente dos pobres e com esta pobreza se entristece a política.
Comentando o estudo Um olhar sobre a pobreza, em entrevista dada ao PÚBLICO, a 23 de Maio de 2008, Alfredo Bruto da Costa diz o seguinte, em resposta à questão de como romper com o círculo vicioso da pobreza:
"Uma das respostas é que o sistema educativo tem que ter condições de acesso e sucesso das crianças provenientes dos meios pobres. O sistema educativo está desenhado à imagem da família média e média alta: métodos pedagógicos, conteúdos, o apoio que a criança pode ter em casa...".
Pelo menos, nesta entrevista já se identificou um dos factores que mais contribuem para a pobreza: o sistema educativo.


maio 26, 2008

Marte: tão longe e tão perto!


Primeiras imagens da Phoenix no dia em que chegou a Marte.

maio 19, 2008

Acordo ortográfico

Concordo com o acordo ortográfico, ratificado pelo parlamento português na semana passada, mas não sou perentório quando à sua missão salvadora da língua portuguesa.
Esta semi-indecisão, dentro de uma vasta semiconvicção, resulta de pretender ser pragmático na escrita da língua, ainda que a uniformização total é algo que me preocupa neste mundo cada vez mais igual. Há outras línguas mais influentes que têm diversas variantes e não é por isso que deixam de ser batizadas como essenciais.
Nos textos que se escrevem em Português, e por mais acordo que seja aprovado, há de existir sempre a diferença. Para lá da ortografia, há uma diversidade de palavras para a mesma realidade e a estrutura frásica de quem escreve (em Portgual, no Brasil, em Timor, em Cabo Verde, em S. Tomé e Príncipe, na Guiné ou em Moçambique) é bem diferente. E sobre estes dois aspetos não é possível gizar-se qualquer acordo.
Por isso, tal como tem sido feito, quando publicar um livro com autores portugueses e brasileiros, manter-se-á esta designação: "Texto escrito em português do Brasil (ou de Portugal) , com a manutenção da estrutura frásica respetiva"

(a negrito, as palavras com nova ortografia)

maio 10, 2008

"Chumbar" os alunos na escola?

A escola está sempre no centro de debate, seja por aquilo que faz ou não faz ou seja pelo que ensina ou não ensina.
Uma das polémicas mais recentes diz respeito ao papel da avaliação na escola. Segundo um relatório recente da OCDE - de que a ministra da educação se tornou imediatamente porta-voz - o chumbo dos alunos não traz nada de novo para o sistema, a não ser os encargos financeiros com mais professores e mais despesas, que devem ser multiplicadas pelo menos por 30%.
Todos estamos de acordo com o fim da não progressão, mas desde que os alunos tenham hipóteses de recuperar dentro da escola em função de um apoio educativo efectivo que os ajude a ultrapassar as dificuldades.
Mesmo assim o problema continua, pois não se pode pensar que tais apoios devem existir nas escolas somente à custa do tempo de estabelecimento, integrado nas 35 horas semanais de cada professor. Admitir esta solução, tal como é perfilhada pelo Ministério da Educação, é adiar o problema, admitindo-se que não querer reter os alunos é o mesmo que obrigá-los a passar para que os recursos financeiros não sejam inflacionados.