janeiro 30, 2010

Só pessimismo?

Por norma, a voz dos economistas é pessimista. Sempre são os primeiros a traçar quadros negros, em semelhança directa com a Organização Mundial de Saúde a prever, e a querer, pandemias.
E eis que esse pessimismo está de volta. Depois das grandes obras, discutem, agora, o emagrecimento do Estado. Devido à obesidade orçamental, o melhor é privatizar, mantendo apenas duas áreas de intervenção: justiça e defesa. O resto é com o mercado, incluindo a saúde e a educação.
Não duvido que quando a direita ganhar as eleições legislativas tal ideia será implementada em Portugal. Mas então também deveria ser possível que o Estado deixasse de financiar partidos políticos e que o mesmo prescindisse de arrecadar os nossos impostos.
Nesse caso, ficaríamos com a justiça e defesa como áreas nobres do Estado, isto é, um Estado com uma justiça para ricos e para pobres e com uma defesa que daria para fazer algumas intervenções pontuais (de que Timor é um bom exemplo) e para responder a um tirozito vindo do lado de Espanha. Nada mais.
E assim os economistas, e também banqueiros, gestores financeiros e homens-ricos dos serviços, vão dando entrevistas, preenchendo folhas de jornais e inundando espaços televisivos para dizer que a privatização é a melhor solução para resolver os graves problemas decorrentes do endividamento do Estado e do afastamento contínuo dos portugueses relativamente a padrões europeus.
A teoria parece perfeita. Porém, quando os bancos faliram foi preciso que o Estado corresse a injectar somas astronómicas de euros que, só por si, dariam para resolver os problemas orçamentais da saúde e da educação por muitos e muitos anos.