novembro 04, 2010

Da saúde que não existe....

Em reunião da Comunidade Intermunicipal do Minho e Lima, realizada em finais de Outubro de 2010, foi apresentada um documento de trabalho que contém o Relatório da Comissão de Acompanhamento das questões da saúde da CIM- Alto Minho (nos dez concelhos).
Tendo sido elaborado por um grupo pluripartidário, o documento é fortemente crítico da realidade que se vive nalguns concelhos, com destaque para o de Paredes de Coura.
Ainda que os dados solicitados ao Ministério da Saúde e demais órgãos não tivessem sido entregues, o que revela bem a falta de transparência da Administração central, os autores do documento centraram-se no encerramento de alguns centros de saúde, dando mais atenção ao de Valença.
Não querendo entrar no bairrismo entre Valença e Monção, que é bem visível quer no texto escrito, quer nas discussões travadas na sessão, apenas me interessa destacar, nesta crónica, o que é dito sobre Paredes de Coura, resumindo-se a um simples parágrafo, assim transcrito:
“Não é cumprido o protocolado entre o Ministério da Saúde e os Municípios. Não se compreende como o concelho de Paredes de Coura ainda não recebeu a ambulância SIV a que tem direito, sendo esse serviço colmatado pelo SIV de Ponte de Lima, obrigando a que os dois concelhos fiquem fortemente prejudicados”.
Descodificando a linguagem da frase, uma ambulância SIV significa “ Suporte Imediato de Vida”, assegurado por um enfermeiro e um técnico de ambulância de emergência, e a sua circulação pelas estradas do concelho serviria para compensar o fim do atendimento médico no centro de saúde.
Como o centro de saúde de Paredes de Coura fechou no horário nocturno, inicialmente das 20h às 8h e actualmente das 22h às 8h, a presença da ambulância SIV deveria, à partida, estar assegurada, o que realmente não está a acontecer por falta de cumprimento manifesto do Ministério da Saúde (dever-se-ia escrever de acordo com a confiança que depositamos nos organismos.
Quer dizer: já não se pode confiar nas instituições públicas, pois algumas delas, incluindo algumas do Ministério da Saúde, não cumprem o que acordam com as câmaras municipais, sentindo-se estas reféns de um poder político que desrespeita um dos direitos básicos assegurados aos portugueses pelo Estado, de acordo com o tem sido definido ser o Estado-providência ou o Estado-social.
O que foi afirmado pelos autores do documento é que Paredes de Coura se encontra num estado de fragilização em termos de saúde, no horário das 22h às 8h, o que não é realmente animador para todos quantos vivem permanentemente no concelho ou que nele se encontram pontualmente. Foi protocolado que a dita ambulância estaria em Paredes de Coura e daria resposta às necessidades de saúde, mas tal não acontece, infelizmente. Para mal de todos os que se encontram em Paredes de Coura ou em Ponte de Lima.
E para quando a palavra de alguns responsáveis públicos será uma palavra de verdade e não de mentira?