No nosso vizinho concelho de Paredes de Coura, por iniciativa do nosso estimado amigo Snrº. Senador Narciso Alves da Cunha, reuniram-se, há dias [possivelmete em 1911] naquela ridente localidade, muitos republicanos históricos e outros democratas de incontestável valor político, amigos da República, e por proposta de S. Ex.ª, abraçada com caloroso entusiasmo, foi resolvido fundar ali um centro democrático sob a designação de “Centro Republicano Português Afonso Costa”.
Aplaudimos, incondicionalmente, mais este valoroso serviço prestado pelo ilustre Senador Alves da Cunha à República e ao seu concelho, assim como felicitamos este pela orientação política que toma, pois o partido democrático é, pelas suas ideias, pelo valor intelectual dos seus dirigentes, e até pelo seu esforço combativo, a mais valiosa garantia das novas instituições.
Depois, a autoridade moral, o carácter, o prestígio do nosso estimado amigo Dr. Narciso Alves da Cunha é penhor e segura garantia de que a nova colectividade política, em via de organização, não só há-de traduzir, praticamente, o espírito democrata e desempoeirado do seu fundador, mas estamos certos de que há-de agremiar os melhores e mais dedicados amigos daquela florescente localidade.
O senador Alves da Cunha é, incontestavelmente, um sincero e dedicado regionalista, como bem demonstrou na última sessão legislativa, defendendo, calorosamente, interesses e melhoramentos vitais para o nosso distrito. É de esperar, pois, que vote ao novo centro todo o seu carinho, procurando fazer valer, com a sua costumada solicitude, junto dos poderes públicos e nas altas regiões do Estado, as pretensões, que lhe forem recomendadas por aquela agremiação.
Sabemos que, para pôr em prática, o novo Centro foi nomeada uma grande comissão de republicanos históricos e doutros elementos muito valiosos, a qual deu, imediatamente, começo aos seus trabalhos, organizando comissões paroquiais, compostas de indivíduos reconhecidamente dedicados à República.
Felicitamos, por isso, o bom povo de Paredes de Coura, o qual continuará a ter quem, politicamente, o dirija e sinceramente se interesse pelo seu progresso e desenvolvimento.
E seja-nos permitido, neste momento, lembrar ao concelho de Valença que, talvez, não perdesse o seu tempo em fazer uma demarche até junto daquele homem público, pois é bem sabido que ele tem, entre nós, amigos sinceros e que vota á nossa terra especial afeição.
O seu tacto político, as suas relações políticas e pessoais, a estima que por ele tem elementos preponderantes na Republica justificam a nossa lembrança.
Valença, pode dizer-se, não tem tido quem, ostensivamente, se tenha interessado por ela, nos últimos tempos; e, contudo, tem pendentes de resolução superior assuntos de incontestável importância, que por bem sabidos, nos abstemos de enumerar.
Não se convença ninguém de que estamos em tempos de colher o maná sem esforço, sem trabalho; e por isso organizar as nossas forças sob o patronato do Snrº. Dr. Narciso, tão conhecido nosso, será o meio mais eficaz para dar coesão e vitalidade às forças de que Valença pode dispor.