A possibilidade de os alunos repetirem o exame nacional nas disciplinas de Física e Química (12º ano) demonstra de modo explícito o desfasamento que existe entre uma reforma curricular compulsiva e o distanciamento dos professores. Depois da revisão curricular de 2001, da contra-reforma de 2002 e da nova revisão de 2004, o ensino secundário está confrontado com uma mudança mais no plano dos normativos do que nas práticas curriculares. A incongruência entre o programa leccionado pelos professores e os enunciados dos itens revela, por um lado, a dificuldade que os professores tiveram na apropriação das mudanças e, por outro, o modo abstracto como o gabinete de avaliação (GAVE) decidiu sobre o que avaliar, não considerando as dificuldades que a leccionação de um novo programa representa para os professores.
É sintomático que, pautado pela obsessão objectiva, o GAVE privilegie a escolha múltipla, opte por enunciados muito extensos e transforme uma prova de avaliação num lençol de dúvidas e de artimanhas. Mais perplexidade se verifica quando as respostas dos alunos a um exame nacional não exige o conhecimento objectivo dos conteúdos aprendidos ao longo do ano.
Veja-se, por exemplo, o número excessivo de páginas do exame nacional do 9º ano a Língua Portuguesa.