março 05, 2007

Autoridade?

Os discursos sobre a autoridade dos professores e das escolas está de novo na agenda política com o anúncio da alteração do estatuto do aluno, de modo a considerar as agressões a professores como crimes públicos. Em primeiro lugar, há aqui duas contradições gritantes: ao mesmo tempo que se retira credibilidade profissional ao professor, convertendo-o num funcionário administrativo, procura-se acrescentar-lhe alguma credibilidade social; por um lado, a educação deixará de ser um serviço público, conforme intenção declarada deste governo, por outro, a violência contra um professor será crime público. Trata-se de um mero jogo de linguagem?
Em segundo, com o retorno à autoridade há mais uma vez uma medida de remendo político, já que se procura incidir nos efeitos, sem ter em conta as causas. Se a indisciplina é uma realidade em muitas escolas, nalgumas será mesmo insuportável, também é verdade que a escola e o conhecimento, que os alunos aprendem, não estão devidamente reconsiderados numa possível estratégia de mudança.
Contudo, devemos reconhecer que o “politicamente correcto” está em proclamar mais autoridade e não propriamente em tentar resolver os problemas de uma forma mais substantiva e global. Quem perde, neste caso, é a escola, são os professores e os alunos.