novembro 29, 2008

Montanhas de ouro escravo



Toda a colonização foi um processo de exploração contínua em nome dos valores mais universais de justiça e mais sagrados no respeito pelo divino. Assim queria Deus, assim faziam os homens, seus humildes serventes.
Esta imagem mais se nos torna clara quando estamos perante a realidade da colonização portuguesa no Brasil, sobretudo em Minas Gerais, no triângulo do Barroco, ou seja, S. João del Rei, Tiradentes e Ouro Preto.
Depois de ter visitado as duas primeiras cidades, tive a oportunidade de presenciar a imponência e riqueza de Ouro Preto (primeiramente, chamada Vila Rica), a que prefiro chamar as montanhas de ouro escravo, não só pela localização encravada em redor de montanhas, como se de um fundo da terra saísse a salvação das pessoas, bem como pelo trabalho escravo e negro tão fundamental na exploração do ouro.
Ouro Preto, classificada como património da Humanidade, pela UNESCO, é acima de tudo a memória viva da obra gigantesca das pessoas, só possível em tempos de imensa abundância e
de intenso fervor mítico.
Cada Igreja da cidade é um local de remissão de pecados, como se as obras do
Aleijadinho, e de tantos outros escultores, fossem a salvação para os duros e terríveis males do modo de viver dos nobres e clérigos.
Apesar dos rios de chuva que enfrentei, em Novembro de 2008, Ouro Preto é um local para visitar e para ficar uns dias e, se possível, pois a vida do passado só pode ser compreendida se dispusermos de tempo suficiente no presente, sem pressas e sem horários.
Infelizmente, só dispus de uma manhã para estar em Ouro Preto e muitas das igrejas que pretendia visitar encontravam-se fechadas. É uma outra forma de não promover o turismo.