novembro 28, 2006

reforma anunciada no superior

No debate televisivo de ontem, e finalmente o ministro falou, as universidades ficaram com uma imagem algo negativa, apesar dos esforços de alguns reitores e das vozes críticas dos alunos. Parecendo não confiar nas instituições de ensino superior que tutela, o ministro gastou palavras e mais palavras para dizer que a gestão deve ser mais eficiente, mesmo que isso signifique a não renovação de contratos dos docentes, que as regras de Bolonha são simples de implementar, pois tudo se resume ao normativo, e que o estatuto da carreira docente não precisa de uma alteração urgente. Mesmo assim, e porque assim o exige a sociedade (!), 2007 será o ano da reforma do ensino superior.
Finalmente, o ministro passará das palavras às políticas.

novembro 27, 2006

Um ministro em silêncio

Por mais que dela discordemos, a Ministra da Educação escreve nos jornais, dá entrevistas, faz aprovar um estatuto da carreira docente e critica os professores ... Existe, pelo menos.
Contrariamente, o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, com todos os problemas que afectam as instituições de ensino superior, incluindo o caduco estatuto da carreira docente, pronuncia-se no silêncio, ignorando as questões que estão sob a alçada do seu ministério, revelando, segundo palavras de António Nóvoa, em entrevista ao Público, de 27/11/2006, "insensibilidade de quem está a tutelar uma área tão importante para o país como é o ensino superior".
Decerto, Mariano Gago acredita que Bolonha é um processo perfeito, que o financiamento das instituições de ensino superior é justo e que a avaliação externa internacional resolverá todos os problemas.

novembro 21, 2006

Reformas educativas

Para um pouco de história das reformas educativas em Portugal, vide

Totalmente de acordo

"As reformas, os programas e boa parte das teorias sobre o ensino são feitos na e para a escola imaginária por pessoas que há muito tempo não estão na escola real em condições reais.
Por outras palavras, centenas e centenas de pessoas convidadas pelo Ministério da Educação concebem reformas e programas para escolas e turmas que quase só vêem a partir dos gabinetes das faculdades, das janelas da Avenida 5 de Outubro e das delegações disto e daquilo" (Helena Matos, Público, 18/11/2006).

novembro 18, 2006

novembro 17, 2006

Êxito dos professores

O processo histórico das reformas educativas e curriculares evidencia muito bem as fragilidades dos normativos ao mesmo tempo que outorga aos professores uma responsabilidade acrescida.
Se os actuais responsáveis ministeriais pararem um pouco para ler os preâmbulos das reformas, que os seus predecessores tão laboriosamente engendraram, encontrarão algum motivo para confiarem nos professores. No texto preambular da reforma de 1936, esreve-se que "aos professores, sobretudo a eles, se confia o êxito" da reforma. Será assim tão difícil compreender estas palavras?

novembro 12, 2006

A escola

Em Caminhos Cruzados, de Erico Veríssimo (1905-1975), um dos grandes nomes da literatura brasileira, a escola do Professor Clarimundo, situada em Porto Alegre, pelos anos 1930, é assim descrita:
“A aula está inquieta, num zumzum de colméia assanhada (…) o professor Clarimundo disserta … Sentado à mesa, em cima do estrado, as mãos enlaçadas entre as coxas, o busto curvado. O livro aberto sob os olhos, ele enumera as vantagens do estudo do latim
- Pode-se saber português sem saber latim?
Ele mesmo dá a resposta. Não. Sacode a cabeça: a franja eriçada se agita: os óculos reluzem.
- Pode-se estudar gramática histórica sem um bom conhecimento da língua latina?
Também não. Novo aceno de franja, novo fuzilar de óculos.
Um aluno abre a boca num bocejo sonoro. O professor estica o pescoço, procurando o mal-educado.
-Quem foi que bocejou? – pergunta.
Movimento de cabeças. As abelhas se assanham: os zumbidos da colmeia crescem em ondas. Por fim, o silêncio.
- Não gosto nada disso!
Clarimundo disse essas palavras sem convicção. O protesto fica lançado. É preciso manter a moral. Mas o que importa agora é o latim”.

novembro 10, 2006

Formação de professores (II)

Retomando o anteprojecto sobre a formaçãode professores há dois aspectos gerais que desde já é necessário referir.
Um diz respeito à descoordenação que passa a existir entre os perfis dos professores em termos dos domínios de docência e a organizaçao curricular dos ensinos básico e secundário. É certo que a Lei de Bases, apresentada em tempos pelo PSD, estava correcta quanto à inclusão do 2º ciclo no âmbito do 2º ciclo, integrando o 3º ciclo no ensino secundário?
O outro é sobre a ausência do domínio de formação em Informática e/ou Tecnologias de Informação em Comunicação. O legislador esqueceu-se, só pode ter sido isso, que as Tecnologias de Informação e Comunicação constituem uma disciplina obrigatória no 9º e 10º anos de escolaridade.

novembro 07, 2006




Uma pôr-do-sol courense...

novembro 06, 2006

Formação de professores

O anteprojecto de decreto-lei sobre o regime jurídico da habilitação profissional para a docência é um documento empobrecedor quanto aos diferentes tipos de professores, correspondentes aos domínios de habilitação, e aos créditos de fornação educacional.
Impera no primeiro aspecto a noção de professor generalista, que ficaria com habiltação para a educação pré-escolar e para os 1º e 2º ciclos do ensino básico. Neste caso, o professor poderia ter habilitação para leccionar 4 disciplinas nos 5º e 6º anos de escolaridade, a saber: Língua Portuguesa, História e Geografia de Portugal,Matemática e Ciências da Natureza.
No segundo, a formação educacional ficaria reduzida a um número insuficiente de créditos.
Num momento em que se discute tanto a qualidade das aprendizagens é pertinente reconhecer que este anteprojecto empretece a escola e torna a profissão de professor num ofício algo artesanal.

novembro 05, 2006

Novas pedagogias

As escolas do ensino básico, e menos as do ensino secundário, têm sido invadidas por ideias centradas nas ditas novas pedagogias, caso da pedagogia de projecto, da pedagogia por competências e da pedagogia do professor reflexivo. Num artigo bem fundamentado (da Revista Perspectivas, vol. 24, n. 1, de 2006), Newton Duarte expressa esta visão:
“A negação do ensino e da transmissão do conhecimento que está na base de todas essas pedagogias produz no ambiente da pós-graduação em educação uma atitude pseudocrítica que se limita a repetir o surrado bordão de denúncia do anacronismo, do autoritarismo e do espírito verbalista e livresco da escola tradicional. Essa atitude pseudocrítica, além de disfarçar a fragilidade dos fundamentos teóricos das “novas” pedagogias, desviando a atenção para o sentimento de aversão pelas mazelas da escola tradicional, difunde ainda uma ideia falsa sobre o que seria um pensamento crítico, o qual passa a ser identificado de forma directa e mecânica com a defesa de pedagogias supostamente democráticas em oposição a pedagogias supostamente autoritárias. Esse fenómeno dificulta a discussão séria sobre o que seria um intelectual crítico em educação, na medida em que, implícita à difusão dessas pedagogias, difundiu-se também a ideia de que um educador que antes de tudo rejeite a escola tradicional e adote uma dessas pedagogias já seria, automaticamente, um educador crítico”.