A senhora da Europa, a chanceler Angela Merkel, disse, em tempos não muito longíquos, que o multiculturalismo fracassou na Alemanha, devendo os imigrantes, os não europeus, claro, aceitar os valores cristãos, para além de terem de aprender a falar a língua do país que lhes dá trabalho.
Agora, segundo dados do jornal "Público", de 6 de Fevereiro de 2011, e falando num seminário com a partiticiapção de Merkel, na Alemanha, é a vez do primeiro-ministro inglês David Cameron dizer o mesmo, isto é, que a aceitação da cultura dos que são diferentes dos europeus, sobretudo os muçulmanos,ainda que muitos deles tenham a cidadania inglesa porque são filhos de imigrantes, já radicados no país há muitas décadas, é impossível, pois devem ser educados num "liberalismo musculado activo", no sentido de reforçar os valores da igualdade e da lei e de impor uma cultura comum. Por isso, os imigrantes, diz Camerom, devem aprender a a falar inglês e as escolas têm de ensinar a "cultura comum do país" para que todos tenham um sentido de pertença.
O multiculturalismo, na aceitação do respeito de cada cultura, sem a imposição de uma cultura que é alheia aos outros, como o colonnialismo fez ao longo de séculos, coloca a questão do relativismo. Também no mesmo jornal, mas na revista "Pública", o padre e filósofo português Anselmo Borges afirma que "tem de haver algo de transcultural", pois "se não houver algo de comum, como podemos dialogar uns com os outros?". E o que é comum a todos é a universalidade "da dignidade do ser humano".
E enquanto se olha para outras diferenças, querendo-se a igualdade forçada, esquece-se que todos têm direito a essa dignidade, só que ela manifesta-se não só pelos valores, mas também pelas condições económicas e sociais que cada um tem.