março 18, 2008

Auto-estrada digital em Paredes de Coura

No seguimento da aprovação pelas Assembleias Municipais dos cinco concelhos do Alto-Minho, a Assembleia da Comunidade Intermunicipal do Vale do Minho, em reunião realizada na segunda semana de Março, aprovou a constituição de um empresa para a instalação e exploração da rede comunitária, ou seja, da rede de fibra óptica. Digamos que é a chegada da auto-estrada do mundo digital a Paredes de Coura. Consegue chegar primeiro que a de asfalto, perdida em projectos, em traçados, em avanços e recuos, enfim, na falta de prioridades políticas, estabelecidas pelo poder central, para os concelhos do Minho interior.
A rede digital permitirá que os courenses tenham acesso a uma série de serviços, de que os utentes de certas urbes já beneficiam, através do que é designado por cabo, incluindo televisão, telefone e Internet. Porém, e nestas coisas de inovações há os que ganham e os que perdem, nem todos os courenses serão beneficiados do mesmo modo, pois a tendência é para que, em primeiro lugar, sejam contactados os habitam zonas com maior densidade populacional. Depois, o mercado falará por si, já que esta empresa se encarrega unicamente de definir o traçado da ligação digital, competindo a outras empresas fazer a ligação final e fornecer o tão miraculoso sinal.
Não restam dúvidas que esta auto-estrada é da maior importância para o concelho de Paredes de Coura, mais ainda quando o mesmo sofre, de forma tão crónica, não só de uma doença territorial, conhecida, mais vulgarmente, pelo nome de interioridade.
Mesmo assim, e lembra-se que o capital social da referida empresa é misto, 49% privado e 51% público, embora o investimento seja mais privado (55%) que público (45%), o PSD local optou pela dúvida, pelo questionamento fútil e pelo cacarejar político.
Olhando para o que se passou na Câmara com os vereadores, que se abstiveram na votação, observa-se que a oposição não consegue estar do lado certo em momentos que são fundamentais para o concelho. Não creio que as suas dúvidas em relação a este projecto sejam as mais adequadas e não creio, de igual modo, que as suas posições correspondam às suas convicções. Estar do lado contrário também é saber quando se pode, e deve, estar do lado certo, votando-se favoravelmente o que é do interesse de todos, por mais divergências que existam.
Mas alguma vez um presidente de Câmara poderia rejeitar esta grande oportunidade, politicamente concertada no plano das actividades da Comunidade Intermunicipal do Vale do Minho?

É evidente que não. Todos os presidentes dos dez concelhos do Alto-Minho, porque a Comunidade Intermunicipal do Vale do Lima também enveredou por idêntica iniciativa, optaram pela auto-estrada digital e decidiram investir em algo que pode fazer a diferença para que a interioridade de que sofrem não seja também a dos info-excluídos.