novembro 19, 2007

Escravidão do conhecimento

Em entrevista à "Pública", de 18 de Novembro de 2007, António Bracinha Vieira fala sobre o modo como nos tornámos escravos do incaracterístico, ou seja, mergulhados no fluxo da mercadoria, vivendo para consumir e agindo na base do individualismo.
Hoje em dia elimina-se tudo o que é complexo e defende-se a desvalorização do conhecimento no sentido mais humanista, privilegiando-se o conhecimento-mercadoria e, consequentemente, as ciências "que vão reforçar a indústria e aumentar os lucros das grandes sociedades".
E fala ainda:
"Para já, o apagar do Grego ou do Latim, da Filosofia e das Humanidades surgiu na lei, não estou a inventar esses factos, os governos começaram a decidir que não se ensinava isso nos liceus ou só em certos cursos. Os cursos de Filosofia e Humanidades estão a fechar porque não têm alunos, e porquê? Porque o dinheiro é o objectivo. Quem tem interesse em estudar Literatura quando isso não lhe resolve o problema da vida? É inútil em termos pecuniários".
E nesta voragem economicista do conhecimento, poderemos argumentar, há muitas outras áreas que não fazem parte de uma sociedade da informação e conhecimento, acentuando-se cada vez mais a tendência para a escola e universidade enveredarem por cursos predominantemente profissionalizantes.