Neste final de Junho, em mais um regresso a Vancouver, deambulo pelas ruas quase desertas de uma manhã de Gastown, um dos locais mais turísticos da cidade.
Não tendo objectivo definido, apenas rever espaços já conhecidos, vou observando as pessoas que circulam, ainda que os "sem abrigo" sejam os que mais me chamam a atenção.
Na esquina de uma rua, sentadas num banco rodeado de floreiras, estão duas pessoas, já entradas na idade, falando para quem passa, possivelmente pedindo alguns restos de moeda para que os dólares canadianos permitam comprar alguma comida de sobrevivência.
Quando passo por elas, oiço uma débil frase, proferida por uma voz feminina, decerto tantas vezes repetida. Antes de a ouvir, já tinha classificado, e como evito responder, mais ainda quando as ruas estão semi-desertas e o local não aconselha conversas, já que começava a pisar o risco da segurança, apenas fiz um gesto com a mão.
Mas depois de ter gesticulado, numa resposta negativa, a frase fica-me no ouvido e grita contra a minha insensibilidade: "What time is it?".
O que ter-me-ia custado responder "ten to twelve"?
Não sei se a resposta desejada seria precisamente para distinguir a manhã da tarde ou se seria para obter mais uma moeda, sobretudo para quem o tempo é medido pela dor intensa de uma necessidade que se chama alimentação.
"Que horas são?", penso que tão cedo me sairá do ouvido.
Não tendo objectivo definido, apenas rever espaços já conhecidos, vou observando as pessoas que circulam, ainda que os "sem abrigo" sejam os que mais me chamam a atenção.
Na esquina de uma rua, sentadas num banco rodeado de floreiras, estão duas pessoas, já entradas na idade, falando para quem passa, possivelmente pedindo alguns restos de moeda para que os dólares canadianos permitam comprar alguma comida de sobrevivência.
Quando passo por elas, oiço uma débil frase, proferida por uma voz feminina, decerto tantas vezes repetida. Antes de a ouvir, já tinha classificado, e como evito responder, mais ainda quando as ruas estão semi-desertas e o local não aconselha conversas, já que começava a pisar o risco da segurança, apenas fiz um gesto com a mão.
Mas depois de ter gesticulado, numa resposta negativa, a frase fica-me no ouvido e grita contra a minha insensibilidade: "What time is it?".
O que ter-me-ia custado responder "ten to twelve"?
Não sei se a resposta desejada seria precisamente para distinguir a manhã da tarde ou se seria para obter mais uma moeda, sobretudo para quem o tempo é medido pela dor intensa de uma necessidade que se chama alimentação.
"Que horas são?", penso que tão cedo me sairá do ouvido.