novembro 18, 2025

Caminhos da OCDE para a alta qualidade da educação

Centro de Investigação em Educação da Universidade do Minho

                         https://www.publico.pt/2025/10/31/impar/opiniao/caminhos-ocde-alta-qualidade-educacao-2152737#

 

  Vive-se o acontecimento, e tudo o mais tende para uma certa zona de indefinição problemática, que em nada contribui para despertar na sociedade qualquer interesse por uma abordagem mais profunda, por exemplo, das questões educacionais, como se vivêssemos dos sinais, que fazem de cada um de nós atores influentes do designado capitalismo clickbaitDe acordo com Amin Samman e Earl Gammon (“Clickbait Capitalism: Economies of Desire in the Twenty-First Century”), trata-se da interseção de tecnologia, dinheiro e desejo, urdindo de modo complexo as nossas opções digitais. E isso é feito através de variadas formas de captura de atenção, para que o tempo passado na Internet seja cada vez mais prolongado e, desse modo, fiquemos exponencialmente expostos a uma determinada publicidade, ardilosamente definida por algoritmos, bem como a mensagens sibilinas que tendem para uma certa dose pedagógica de adestramento...


Diário de una viagem a Timor-Leste I

 

Dormir é algo de bom, mas se o sono da primeira noite, aturdido pelos motores incansáveis de doze horas de viagem aérea, de Istambul para Bali, não pegou, já o da segunda, no apressado quarto de um hotel, quase dentro do aeroporto, serviu para relembrar que o cansaço é um obsessivo empecilho à tranquilidade de um bom sono. Não dormi, claro!  São seis horas da madrugada, e o pequeno almoço ainda está a ser preparado por movimentados rapazes, vestidos de preto.

Aguardo, por isso, de olhos pesados, o voo para Timor-Leste. Os cantos da sala do pequeno almoço compõem um hino à diversidade de produtos e sua diferença para hábitos europeus.

Porém, para quem tem ainda uma viagem de avião, o experimentar novos sabores pode não ser o mais aconselhável, limitando-me, assim, ao básico de um pequeno almoço português, acrescido de fruta e queijos.

Deixei o hotel e desemboquei diretamente na área internacional do aeroporto, na área do “Check-in”, reservada aos que têm voo, uma particularidade comum a muitos aeroportos asiáticos.

Obtido o bilhete, apenas disponível no modo presencial, passei pelo controlo da emigração, usando as máquinas eletrónicas, como deveria acontecer em todos os aeroportos, sobretudo nos de Lisboa e Porto, onde são de uma ineficiência gritante.

E aqui estou sentado, relaxado, sonolento, no “Bali Sky Café”, saboreando o meu primeiro café do dia. Tive ainda tempo para rever a introdução que escrevi no voo Porto-Istambul, usando os sensíveis caracteres do telemóvel, para um livro cuja publicação se avizinha, bem como para terminar um artigo de opinião, a caminho do estilo de ensaio, para enviar para o jornal PÚBLICO, e longamente observei o acordar aeroportuário, de mil e uma peças que constituem a sua engrenagem, na qual não pode entrar um grão de areia, senão vira caos e gera tensões.

Já sentado na primeira fila, porque sempre peço que seja o mais à frente possível, e também corredor, da aeronave com destino a Díli, aguardo a descolagem, que acontece no horário previsto, precisamente às nove e trinta da manhã, de um sábado, cheio de sol e com nuvens esparsas, sob o olhar atento – e protetor para os crentes – da divindade hindu Garuda Wisnu Kencana, cuja estátua domina esta pequena ilha do extenso arquipélago indonésio.

Dormitei coisinhas de tempo disperso, o suficiente para abrir os olhos um pouco antes de aterrar no aeroporto Nicolau Lobato. A sensação de estar em Timor-Leste é inenarrável, qual dança de intensas emoções!

Nesta plêiade de sentimentos, destaca-se o primeiro olhar, que num instante tudo absorve e interioriza, como se não precisássemos de mais nada. Agora, compreendo melhor a felicidade que há anos registei, neste mesmo aeroporto, quando um missionário, já nos seus longos e derradeiros anos de vida, voltando de Portugal, onde fora despedir-se dos seus familiares, amigos e espaços geográficos, enfrentou a multidão com um sorriso de uma ampla e tocante felicidade, porque escolhera Timor-Leste como terra de partida para a eternidade. 

E dançou-se, e rezou-se, e abraçou-se, transformando-se o aeroporto num templo de alegria.


Díli, 18 de outubro de 2025

 [Continua]