fevereiro 25, 2013

Acabo de estar três dias inteiros em Tóquio. Não há palavras que possam descrever tudo o que presenciei e senti, mas como a crónica me obriga, tenho de selecionar alguns desses momentos.
Se há cidades simples e complexas, Tóquio é uma delas. Tudo funciona bem, de forma superorganizada, no meio da mais vasta concentração de pessoas, que enchem por completo as ruas, sempre movimentadas.
Há regras socialmente aceites. Não se fuma na rua, a não ser em locais devidamente sinalizados, há respeito máximo pelas pessoas e os carros ocupam um lugar secundário.
Em contrapartida, há uma rede de metro por toda a cidade (de dez milhões, que é sensivelmente igual à população portuguesa), que ainda é o melhor guia que se pode escolher para ir a qualquer lado.
As ruas são, por isso, o palco principal e por elas transitam milhares de pessoas, em direções diferentes, dando vida e colorido a uma multidão que não dispensa as novas tecnologias, sobretudo tudo o que diga respeito a telemóveis e aparelhos individuais de música.
É uma cidade jovem, observando-se essa faceta na publicidade viva que torna os prédios mais coloridos. É uma cidade de parques e jardins, que enchem no fim de semana, como se fossem espaços obrigatórios de lazer.
É uma cidade de templos, com a sua espiritualidade oriental, em que a religião se vive mais por dentro do que por fora. É uma cidade de contrastes. De torres gigantes e de prédios urbanos que mais parecem linhas ondulantes numa paisagem perfeita. De uma delas, vê-se o espetáculo do pôr-do-sol no monte Fuji, um dos grandes símbolos do Japão.
Mas voltemos às ruas. Continuamos a ser surpreendidos pelos comportamentos das pessoas.
Ninguém passa à frente de ninguém; há o vício das filas; ninguém, aparentemente, se aborrece com o outro; há gestos de compreensão; ninguém furta o que é alheio; há um controlo de proximidade; ninguém ousa desobedecer às sinaléticas que estão por todo o lado.
Porém, Tóquio não é uma cidade cosmopolita, de todos os viajantes e estranhos possíveis. Permanece fiel a um modo de vida oriental, sem a ocidentalização que se verifica, por exemplo, em Singapura.
Tóquio é uma cidade única, que apenas conheci, em companhia dos meus filhos, em três dias. Mesmo assim, penso que é uma cidade que apenas se conhece depois de muitas horas de pés cansados.