dezembro 31, 2012

dezembro 27, 2012


O Presidente da Câmara Municipal de Paredes de Coura tem a honra de convidar V. Exa. para as Comemorações do Centenário da Morte de Narciso Cândido Alves da Cunha (1851-1913), que decorrerão nos dias 11 e 12 de Janeiro p.f., com o seguinte programa:

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Sexta-feira – 11 de janeiro

 21h00 - Sessão de abertura
Arquivo Municipal

Inauguração da mostra documental, concebida pelo Arquivo Municipal de Paredes de Coura, “Narciso Cândido Alves da Cunha – o legado da sabedoria”.
Casa do Conhecimento CMPC/UM

Lançamento do livro Narciso Alves da Cunha – entre a Monarquia e a República, da autoria do investigador e docente da Universidade do Minho, Prof. Doutor José Augusto Pacheco. A obra contará com as apresentações dos académicos Prof. Doutor Jorge Alves e Dr. Victor Paulo Pereira.
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Sábado –  12 de janeiro
Casa do Conhecimento CMPC/UM
10h30 – Conferência: Deputados Minhotos da Monarquia e da 1ª República, de Victor Paulo          
 Pereira (doutorando da Universidade do Minho).

14h30* - Passeio, por locais emblemáticos do concelho de Paredes de Coura, referenciados na monografia, da autoria do Dr. Narciso C. Alves da Cunha, pontuado pela leitura de textos escolhidos pelo autor do livro Narciso Alves da Cunha – entre a Monarquia e a República.

*Concentração junto à Loja Rural. Lugares limitados em autocarro (inscrição obrigatória).
António Pereira Júnior Presidente)

dezembro 04, 2012

Há muitas formas de qualificar as políticas do atual governo. A nível económico, a grande maioria dos analistas diz que é de desastre total.
A nível autárquico, digo eu, é de completo desprezo pelo poder local, com o que  se está a fazer em termos de freguesias e o que se pretende fazer em termos de comunidades intermunicipais e agregação de concelhos.
O governo, na sua relação insensata com o poder local, age na base da fuga para a frente. Tem um grave problema pendente relacionado com as freguesias e quer distrair os autarcas com as novas competências das comunidades intermunicipais, em que se regista a criação de mais emprego político, mas sobretudo com a prometida aprovação, para janeiro de 2013, de uma nova lei -quadro dos municípios.
 E isto, pasme-se, em pleno ano eleitoral!
Pobre governo é este e pobres são os seus legisladores!
E quem fica a perder é a imagem da Assembelia da República, pois a do governo já há muito se foi.

dezembro 01, 2012

Pela calada da maioria, numa conivência antidemocrática, que alia passos de andantes errados e portas fechadas, a Assembleia da republicazinha portuguesa, contrariamente aos votos que legitimaram os seus deputados de meros apoaintes de um governo desgovernado, agendou para o dia 6 de dezembro a questão da agregação das freguesias. Trata-se tão só de um golpe do poder central em relação ao poder local, que, por vasta maioria, disse NÃO a esta lei absurda e antidemocrática.

novembro 26, 2012

novembro 25, 2012

 Jornal "O Público" de 25 de novembro de 2012:

"... Desconcertante, é como José Pacheco, da Universidade do Minho, classifica o modo como este debate [ensino dual] foi lançado pelo Governo: não existe um documento, um projeto, nada que defina de forma sustentada e que posssamos analisar. Isto não é normal".

novembro 21, 2012


É, por certo, o governo mais desacreditado de todos os tempos, desde o constitucionalismo liberal até aos governos republicanos, é, sem qualquer dúvida, o presidente mais calado do regime democrático, é, sem qualquer medo de dizê-lo, o ministro mais inadequado de todos os governos, é, como todos reconhecem, o momento mais crítico para o poder local, para não falar no estado caótico e desordenado das finanças públicas.

É com estes sujeitos políticos e é neste contexto que, em nome de uma chamada unidade técnica para a reorganização administrativa do território, o município de Paredes de Coura, como em tantos outros, é confrontado com uma “proposta concreta” de agregação de freguesias.

Na ausência de pronúncia, a referida comissão, mandatada pela assembleia da república, decidiu, a regra e esquadro, o que os eleitos locais não decidiram, pois não só discordaram, por unanimidade, da lei imposta de cima para baixo, bem como contestaram a aplicação desgarrada de outras leis, por exemplo, a das finanças locais e a da eleição do poder local.

Eles, os do terreiro do paço, decidiram pelos outros, os do poder local. Esta é a triste realidade da política portuguesa. E decidiram sem legitimidade, dado que a criação e extinção de freguesias é uma das competências do poder local, não podendo ser realizada por um governo democraticamente desacreditado que ignora os princípios políticos do poder local.
Decidir como quer decidir a assembleia da república, escudada por uma comissão técnica, de natureza administrativa, é uma ameaça séria ao poder local e ao seu contexto histórico, construído há séculos pelo municipalismo.
A proposta apresentada, que terá de ser validada pelos deputados da maioria, é surrealista, sobretudo no modo como se arroga na pretensão de interpretar a lei, juntando de forma quase arbitrária as freguesias.
Caíram nesta malha politicamente estúpida as freguesias de Porreiras, Insalde, Paredes de Coura, Resende, Bico, Cristelo, Cossourado, Linhares, Formariz e Ferreira. “A união das freguesias de…” é a designação que se pretende para o futuro.
Porém, e os decisores não leram, ou não quiseram ler, que as todas as assembleias de freguesia do município e a assembleia municipal rejeitaram, por unanimidade, a implementação da referida lei.
Quer dizer, assim, que temos um governo central que é surdo para com o poder local, sendo, de igual modo, mudo no modo como dialoga, “protegido pela maioria”, com esse mesmo poder local.
E esta posição é politicamente insustentável e democraticamente inaceitável.

novembro 07, 2012


Regressei a Cabo Verde. Por uns dias, mas que se vão transformando em semanas.

Está-se bem pela Praia, uma cidade que foi crescendo ao ritmo da maturidade democrática no período pós-independência (sendo de considerar 1975, de Portugal, e 1980, da Guiné) onde se respira uma transição de culturas e por onde se entra numa porta especial da africanidade.

Entretanto, escrevo estas palavras do Mindelo, na ilha de S. Vicente, um lugar especial, a terra de Cesária Évora, que agora tem o seu nome estampado no aeroporto, e merecidamente. Disseram-me, aqui, que o seu funeral foi uma das manifestações populares mais memoráveis de todos os tempos.

É fim de tarde e do meu poiso de escriba errante, observo o monte cara, de uma figura de corpo deitado, dormindo em silêncio o sono profundo do tempo, e iluminado pelos raios enfraquecidos de um pôr do sol que brinca com as nuvens escuras que abraçam a ilha de Santo Antão.

Este fim de tarde coloca-me num outro lugar. Em Díli, na praia branca. O que hoje ouvi, numa conferência de um académico cabo-verdiano, trouxe-me de volta Timor.

Da última vez que por lá andei, frequentei, na referida praia, com um sol vermelho mergulhando no mar de ondas douradas, o restaurante chamado morabeza.

E esse académico falou precisamente sobre a identidade singular dos cabo-verdianos, que definiu como sendo um processo histórico de encontrão, ou seja, de adaptação constante a uma nova realidade, de enorme dureza e cheia de dificuldades climatéricas, geográficas e económicas. Pela sua natureza histórica, o povo cabo-verdiano é uma síntese do quase impossível: o de querer estar naquilo que é a insularidade e o de querer partir para outros mundos, como se estivesse em permanente viagem.

Tal identidade, que é plural e se alimenta da diáspora, tem uma palavra que é central na sua construção: morabeza.

Agora compreendo por que razão o tal restaurante, em Díli, pertence a um cabo-verdiano e de que modo morabeza tem um sentido diferente do que a palavra saudade.

 É uma saudade de contentamento, não de tristeza e de melancolia e de solidão interior.  Não se volta para o interior do sujeito, mas para o seu exterior, sendo algo que se cultiva na lógica de uma pertença a um espaço, que deixou de existir e que apenas é feito de memórias e tradições. Morabeza é o pensar positivo de um destino, é uma palavra viajante, sem destino algum, alimentando-se dos dias que passam e que se consomem no tempo. Morabeza é o que se recorda com alegria e com satisfação, sem pressentimentos negativos e acreditando num futuro que ainda é possível. Por isso, esta palavra é tão utilizada na caraterização da identidade dos cabo-verdianos, já que nas veias não lhe corre o sangue da tristeza mas, pelo contrário, a musicalidade africana.  

Bem, preciso de terminar esta crónica, pois espera-me o regresso à cidade da Praia levando na mochila que transporto um bocadinho de morabeza, pois do Mindelo há imagens que ficam para sempre e das quais nos vamos tentando recordar. E uma imagem que levo comigo é a da noite das “bruxinhas”, vestidas eroticamente de preto, inundando uma das baías mais bonitas que já conheci.

Sim, Mindelo é especial. É morabeza.

outubro 23, 2012


Se tivesse de mudar alguma coisa no espaço de uma crónica quotidiana, que vou escrevinhando em cada publicação do jornal Notícias de Coura, acrescentaria ao texto uma fotografia. Nos últimos anos, tudo se revolucionou no campo da fotografia digital, desde as máquinas até à impressão, com ganhos evidentes para a sustentabilidade do planeta. Fotografa-se mais, é certo, há uma realidade mais documentada, também é verdade, mas banalizámos o momento especial de ficar em memória.
Sobre algum evento tira-se foto e mais foto e depois deixamo-las ficar adormecidas no disco duro de um computador, como se tivessem entrado em hibernação prolongada. Um dia já não existirá software para as reproduzir e nesse caso lá se vai a memória breve, como aconteceu às imagens gravadas em vídeo VHS, para falar no sistema mais utilizado.
Quanto ao que está a acontecer-nos em termos de fotografia, nesta instantaneidade de registos crescentemente desvalorizados, poder-se-á escrever muitíssimo, como por exemplo, um ensaio para uma futura filosofia da fotografia, um livro que comprei há anos e que ainda não tive a oportunidade de ler.
Falo em fotografias porque um amigo meu de Coura mandou-me, hoje mesmo, uma dos meus anos de bombeiro voluntário. Por tempos, no único ano que estive por inteiro em terras courenses, depois dos meus 13 anos, e antes de voltar a partir, aos 19 anos, dediquei-me à causa do voluntariado.
Fiz a instrução no quartel contíguo ao edifício da câmara municipal, e participei nos poucos incêndios que nessa altura deflagravam, pois as florestas estavam limpas e a criminalidade não imperava.
Num dia de aniversário, os bombeiros voluntários foram convidados para um almoço numa dos restaurantes de Coura, na rua principal. Recordo-me bem desse dia, mas lá está a fotografia, que me foi enviada, a preto e branco a relembrá-lo.
De um lado, estão os mais velhos, os respeitáveis sócios e veneráveis diretores, do outro, os jovens bombeiros, de cabelos longos e sorrisos abertos.
Reconheço-os a quase todos, pois foram-me familiares, sendo mais fácil para os mais jovens que comigo tiraram a recruta de voluntário, aprendendo a marchar, a subir e descer escadas, a manusear mangueiras de incêndio e tudo o mais que fazia da vida de um bombeiro um tempo de solidariedade. E um espaço de convívio.
Desse ano especial para mim, há esta fotografia que retrata uma realidade de muitos jovens courenses que, como eu, decidiram voluntariar-se em nome da ajuda aos outros.
Nunca mais tive tempo para ser bombeiro e a minha relação foi acabando, mantendo-me como sócio e como participante numa ou noutra cerimónia, como o da mais recente, em que a associação humanitária de Paredes de Coura se tornou centenária, decerto, retratada a cores e em mil uma fotografias.
Mas esta foto a preto e branco é especial e, deste modo, quero agradecer ao bom amigo que amavelmente a enviou por email.

Uma foto com tempos de adolescência