julho 17, 2011

Colossal...

Colossal.
É o adjetivo da moda, que parece pegar como suor em corpos de verão.
É colossal a dívida portuguesa. O que se deve, e que será pago pelas atual e pelas futuras gerações, é de um tamanho colossal. Mas bem pior está a Grécia e poderão vir a estar outros países.
É colossal o montante dos impostos que se pagam. E mais uma vez, apesar das palavras do Presidente da República, que se fartou de mandar recados, em tom de crítica, em tempos do governo do PS, quem paga são sempre os mesmos. Os coitadinhos dos capitalistas portugueses estão empobrecidos e nem sequer dinheiro têm para ir aos saldos das nacionalizações.
Assim, Portugal está à venda, mas ao desbarato, para que o mercado dos grandes senhores das finanças funcione, mais uma vez, à força dos medos que se têm gerado pelo estado da economia mundial.
Colossal é o desrespeito político que começa na União Europeia e termina Portugal.
Os fundadores da União Europeia sentiriam alguma vergonha política se ainda fossem vivos, restando-nos a voz crítica de alguns dos seus sucessores, nos quais se inclui Mário Soares, que não se cansa de avisar que a Europa navega para o lado errado.
Depois das eleições, em que o programa da “troika” foi sufragado por cerca de 80% dos portugueses votantes, é colossal, ao nível dos vencedores, com políticas neoliberais, a diferença entre o que disse e o que se faz.
Mais uma vez, e numa mentira colossal, funciona o esquema dos governantes: aumento de impostos - doa a quem doer, mas dói sempre mais a quem menos pode. E depois os números das estatísticas são sempre os culpados.
Também é colossal a indecisão em que nos encontramos. Um filósofo conhecido, José Gil, dizia um dia destes, que o que se passa a nível mundial obriga-nos a repensar tudo, deixando-nos à deriva por momentos, sem ideias e sem futuro.
Colossal é o tempo em que vivemos, debaixo de normas globalizadas a nível mundial, em que tudo parece igual e tudo é diferente.
Por mais colossal que seja a crise, e a luz ainda não se vislumbra ao fundo do túnel, apesar das receitas dos “troikianos”, que se enganam como qualquer pessoa deste mundo, não evitando que uma agência de “rating” tenha classificado Portugal ao nível de lixo financeiro, ou seja, onde os senhores do dinheiro, sem rosto e sem ética, não devem investir na compra de títulos da dívida pública. Mas esses tais senhores regressarão em força para comprar os saldos das nacionalizações.
Por isso, poderá não ser um erro colossal acreditar nos portugueses e na sua capacidade de enfrentar os problemas, pois só em momentos críticos da sua história foram tomando consciência dos caminhos a seguir, resistindo a muitas contrariedades, mesmo que o caminho a percorrer venha a demorar um tempo colossal.