março 31, 2010

Mudar de nacionalidade?

Diz-se que a crise económica é mundial, intersectando todos os países, mais ainda quando todos eles estão ligados pela globalização.
A crise na saúde parece ter duas faces distintas em Portugal e em Espanha, concretamente no Minho e na Galiza.
Do lado de cá fecha-se tudo, concentra-se e aperta-se a rolha, querendo-se subjugar a população a um modelo meramente estatístico.
Do lado de lá passa-se o contrário. Abre-se num novo centro de saúde e projecta-se o seu crescimento para servir a população abandonada e esquecida pelo governo português.
E perante isto faz-se uma marcha lenta, protesta-se com calma e encolhem-se os ombros...
Por que não mudar de nacionalidade?
Sempre se manteria a cidadania europeia!

março 23, 2010

Coyra (Terra de)

Coyra é uma terra e povoação antiga, mas a sua origem surge no contexto dos forais novos e não dos forais antigos, tendo resistido à grande extinção de concelhos (cerca de oitocentos) em 1832. A origem de Coura perde-se nos primórdios dos povos que foram invadindo a Península Ibérica, num vaivém civilizacional, e encontra-se mais consolidada no julgado e concelho de Fraião, uma torre medieval, cercada de terrenos de cultivo de cereais e de pastos, entretanto perdido no tempo e localizado ou nos confins da Boalhosa, ou em Boivão (Valença), ou no interior do concelho de Coura (como é escrito na carta de foral), possivelmente em Insalde.
A carta de foral, outorgada a 15 de Abril de 1515 à Terra de Coyra, está na origem do nascimento formal do concelho, num momento em que o rei (D. Manuel I) tenta consolidar os seus poderes sobre os senhorios, detentores de muitas terras e nas quais cobravam impostos e administravam a justiça. O nome de Paredes de Coura surge somente em 1875, com a criação da comarca.
Coura nasceu, por isso, de uma luta dos municípios, apoiados e legitimados pelo rei, contra os senhorios, em que o governo camarário dos homens-bons se foi tornando dependente de uma centralização porque esse era o caminho a seguir para se libertarem do jugo dos senhores da terra, que agiam sobre as populações de forma arbitrária e prepotente. Dito de outro modo: o poder nacional dos reis foi preferível ao poder local dos senhores e foi dessa vontade de emancipação que Coyra nasceu. Será que o desejo da regionalização é uma situação diferente daquela que foi tomada pelos courenses de quinhentos?
O desejo do poder nacional por parte dos concelhos foi, também, o desejo perseguido pelos reis, numa casamento de conveniência que vai perdurando até aos dias de hoje, mesmo depois da extinção dos forais, em 1832, e da queda da monarquia, em 1910. Porém, a concessão do foral a Coyra não é uma mero acto administrativo, acarretando obrigações para os poucos habitantes, dos quais se conhecem alguns nomes. A transcrição seguinte, retirada do foral, é uma primeira lista de lavradores e lavradeiras de Coyra, nossos antepassados e aos quais, decerto, muitos de nós estão ligados:

Afonso Butão
Afonso do Barreiro
Afonso Esteves
Afonso Galego
Afonso Ramos
Afonso Regueifa
Álvaro Afonso
Álvaro da Porta
Álvaro de Agrela
Álvaro de Codeceda
Álvaro Pereira
Álvaro Vaz
Constança Afonso
Constança Pereira
Diego de Casalteiro
Diego de Insalde
Diego do Souto
Diego Martins
Estêvão do Terreiro
Fernando da Seara
Fernando de Cerdeira
Fernando do Covelo
Fernando do Outeiro
Gonçalo de Aygro
Gonçalo da Foz
Gonçalo de Lebre
Gonçalo de Vilarim
Gonçalo Rodrigues
Guiomar das Lages
João Casado
João Crespo
João da Eira
João das Carvalhas
João de Castro
João de Chancão
João de Lisoiros
João de Miranda
João de Resende
João de Solmil
João do Espadanal
João do Rio
João Eanes da Cunha
João Galvão
João Novo
João Pires
João Vaz
João Vaz da Cunha
Lourenço Anes
Margarida Gonçalves
Maria Abade
Maria Fernandes
Maria Lourença
Pedro de Talho
Pedro Eanes
Pedro Ramos
Pedro de Godela
Pedro Fernandes
Rodrigo de Resende
Rui Casado
Rui da Ponte
Rui da Seara
Rui da Torre
Rui de Requião
Rui Lourenço
Vasco de Vermoim
Vasco Rodel
Veiga de Gorgal