março 25, 2007

Indisciplina

A indisciplina nas escolas portuguesas é um tema recorrente, procurando-se em cada entrevista, em cada estudo, em cada análise os factores preponderantes.
Em entrevista ao JN, João Amado, Universidade de Coimbra, e João Lopes, Universidade do Minho, reflectem sobre uma realidade com a qual os professores aprenderam a viver.
Contudo, não creio que a solução passe por mais autoridade, nem mesmo por mais formação.

março 24, 2007

Niqab (II)

A província de Quebec, uma das dez províncias do Canadá, acaba de proibir o uso do véu muçulmano ( Niqab) por parte das mulheres que exerçam o seu direito de voto. Se o utilizarem, devem ter o rosto bem visível, de modo que possam ser facilmente reconhecidas.
O motivo que fundamenta a decisão é somente político, acreditando-se que a identificação das pessoas é, acima de tudo, uma questão de democracia e não de acomodação pessoal.

março 23, 2007

Mais encerramentos?

O Sindicato de Professores da Região Centro denunciou, a agência LUSA difundiu e o Ministério da Educação desmentiu, do seguinte modo:
"O Ministério da Educação desmente formal e categoricamente que haja qualquer sinalização de jardins-de-infância para futuro encerramento...".
Bem, vamos esperar para ver...

março 21, 2007

Niqab

Quando se pretende justificar uma questão política através de um argumento sem sentido tudo se torna mais ridículo.
Uma Comissão, intitulada para a Educação e Perícia, aconselha a proibição do véu (Niqab) pelas muçulmanas em escolas inglesas por questões de segurança e de aprendizagem, na medida em que, segundo os ditos especialistas, "o niqab não permite ao professor saber se a aluna está feliz ou triste, se está a rir ou a chorar", embora também admitam que "não está provado que prejudique a aprendizagem."
Enfim, se a utilização do véu é um assunto religioso, e também cultural, é completamente ridículo invocar um factor pedagógico para justiticar uma decisão que se inscreve numa agenda estritamente política, sobretudo no combate ao terrorismo.
Seria muito mais sensato que o problema fosse resolvido somente na base de argumentos políticos.

março 20, 2007

Vancouver (Capilano)


Vancouver (Capilano)


Vancouver (Capilano)


Escolas S.A.

O presidente da Parque Escolar, em recente entrevista, declarou que as escolas poderão ter no seu interior unidades de negócio, que visam racionalizar produtos e serviços tanto em horário escolar, quanto em horário pós-escolar. E mais disse: "As regras vão ser a criteriosa escolha de produtos e de fixação de preços (não se trata de um mini centro comercial) e o rigoroso controlo de qualidade dos produtos a vender".
De facto, a lógica de mercado age muito mais depressa do que pensamos.
Por isso, bem-vindos às escolas do futuro- as Escolas S.A.

março 16, 2007

março 13, 2007

Vancouver


As árvores
morrem
de pé...

Vancouver



Espreitando o
Pacífico...

março 12, 2007

Público/Privado

A proposta, apresentada por partidos de esquerda, para a criação de um serviço nacional de segurança social
na Suiça acaba de ser rejeitada por 70% do eleitorado. Com uma tradição de participação nas questões públicas, através do referendo, a Suiça, dentro do seu mosaico de descentralização, reconhece que entre público e privado há aspectos que necessitam de ser repensados, pois se não é verdade que "tudo o que é privado é bom, tudo o que é nacional é mau", também não será totalmente correcto dizer que "tudo o que é nacional é bom, tudo o que é privado é mal".

março 09, 2007

Professor Titular

O Ministério da Educação começa a regulamentar o Estatuto da Carreira Docente, dando prioridade ao concurso para Professor Titular.
O texto que está em discussão, ainda que este termo não tenha um significado acrescido para a 5 de Outubro, estabelece uma série de critérios, que globalmente podem ser adequados.
O problema residirá sempre em saber se o que deve ser salientado é o professor-administrativo, aquele que desempenha essencialmente cargos de gestão escolar e pedagógica, ou o professor-investigador, o que faz da sua prática uma constante problematização em termos pedagógico e curricular.
A funcionarização do professor é algo que tem vindo a consolidar-se nas escolas portuguesas, podendo este diploma introduzir outros critérios imprescindíveis para a sua avaliação, caso da formação pós-graduada.
No entanto, o que o professor faz no que diz respeito a projectos e práticas de investigação escolar parece insuficientemente valorizado.

março 07, 2007

Relatório do Conselho Nacional de Educação

O Debate Nacional sobre Educação, que decorreu de 21 de Maio de 2006 a 22 de Janeiro de 2007, está aprresentado no relatório do Conselho Nacional de Educação.
O Debate pôs em evidência alguns problemas bem conhecidos, como sejam, o abandono escolar precoce e desqualificado (antes do 12º ano), o baixo nível dos resultados de aprendizagem e as taxas de conclusão dos cursos superiores insatisfatórias.
Acresce que a educação continua a não ser uma prioridade para muitas autarquias, empresas, organizações da sociedade civil e famílias o que se traduz na fraca articulação das instituições sociais locais com a escola, a par de algum desinteresse das famílias, justificado pela sua falta de disponibilidade face às exigências do mercado de trabalho.
Constata a permanência de desigualdades no acesso e sucesso dos alunos. Os oriundos de famílias de melhor nível cultural são os que chegam mais facilmente ao ensino superior. A crescente desigualdade social e a diversidade cultural, resultante da presença de novos grupos étnicos na escola, constituem dificuldades acrescidas no desempenho da missão da escola.
Considera que o actual modelo de administração educativa, caracterizado pelo centralismo burocrático, em detrimento de processos mais contextualizados e autónomos da acção educativa, constitui uma limitação que impede frequentemente a melhoria do sistema.
Outro facto identificado é o de as escolas estarem sobrecarregadas com vastas funções sociais que as afastam da sua missão central. Esta situação afecta, especialmente, as que recebem populações com problemas de inclusão social provocando uma desigualdade de condições no cumprimento da missão da escola.
A cooperação entre as escolas e as famílias é reconhecida como uma das chaves do sucesso escolar, mas encontra-se prejudicada quer pelas famílias que transferem para a escola todas as missões educativas, quer pelas escolas que dificultam a participação das famílias.
Identificadas as questões críticas mais prementes, o relatório propõe uma estratégia “nacional” de melhoria da educação em Portugal, de natureza política, e apela à intervenção de todos, no sentido de superar as tradicionais opções de natureza exclusivamente administrativa e técnica.
Esta estratégia assume o paradigma da Aprendizagem ao Longo da Vida, o que implica uma orientação assente nas seguintes prioridades: Alargar a educação de infância, desenvolvendo a rede de educação de infância dos 0 aos 3 anos e intensificando o esforço de universalização da educação pré-escolar dos 3 aos 5 anos; maior atenção e cuidado com as crianças e jovens com necessidades educativas especiais; criação de ofertas formativas diversificadas que permitam satisfazer uma maior procura de aprendizagem de jovens e adultos pouco escolarizados; promoção de novas oportunidades de aprendizagem para os mais desfavorecidos; incremento do reconhecimento, validação e certificação de importantes competências adquiridas ao longo da vida e no exercício profissional, como estratégia de melhoria do nível geral de qualificação da população e de estímulo à procura de mais educação e formação; criação de condições de apoio às decisões familiares de maior investimento na educação escolar dos filhos; clarificação e reforço das responsabilidades dos municípios na educação; melhoria da qualidade do ensino superior e da investigação científica e tecnológica.
Em síntese, muitos dos problemas que ocorrem nas escolas não são problemas escolares nem podem ser resolvidos com a acção isolada das escolas e dos seus professores. A promoção de melhor educação é tarefa de todos e terá de passar por compromissos sociais muito concretos, tanto nacionais como locais. Comunidades particularmente ricas em oportunidades de acesso e usufruto de bens educativos e culturais são também comunidades em que a frequência escolar é incentivada e o sucesso escolar é potenciado.

março 05, 2007

Autoridade?

Os discursos sobre a autoridade dos professores e das escolas está de novo na agenda política com o anúncio da alteração do estatuto do aluno, de modo a considerar as agressões a professores como crimes públicos. Em primeiro lugar, há aqui duas contradições gritantes: ao mesmo tempo que se retira credibilidade profissional ao professor, convertendo-o num funcionário administrativo, procura-se acrescentar-lhe alguma credibilidade social; por um lado, a educação deixará de ser um serviço público, conforme intenção declarada deste governo, por outro, a violência contra um professor será crime público. Trata-se de um mero jogo de linguagem?
Em segundo, com o retorno à autoridade há mais uma vez uma medida de remendo político, já que se procura incidir nos efeitos, sem ter em conta as causas. Se a indisciplina é uma realidade em muitas escolas, nalgumas será mesmo insuportável, também é verdade que a escola e o conhecimento, que os alunos aprendem, não estão devidamente reconsiderados numa possível estratégia de mudança.
Contudo, devemos reconhecer que o “politicamente correcto” está em proclamar mais autoridade e não propriamente em tentar resolver os problemas de uma forma mais substantiva e global. Quem perde, neste caso, é a escola, são os professores e os alunos.

"Professor Horista"

No Brasil, o docente que desempenha a actividade sem um vínculo à instituição é designado por "Professor horista", isto é, o professor que ganha à hora, como estivesse a desempenhar um mero serviço.
Se os ensinos básico e secundário já têm esta situação, reforçada agora no 1º ciclo do básico pelos professores responsáveis pelas actividades de enriquecimento curricular, sem um vínculo à autarquia ou ao ministério, e em muitos casos contratados por empresas, o ensino superior corre para esse caminho, se o ministro persistir, com as suas políticas restritivas em termos de orçamento, em mandar para o desemprego muitos docentes.

março 04, 2007

A Origem dos Ministros

O Reitor da Universidade Técnica de Lisboa, em entrevista ao PÚBLICO, de 4 de Março de 2007, revela a origem de muitos ministros da educação... e depois os Outros é que são responsabilizados....
"É verdade! Desde há muito tempo que os presidentes da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) têm sido da UTL, assim como os ministros da Educação, Ciência e Ensino Superior: Roberto Carneiro, Marçal Grilo, Mariano Gago, Pedro Lynce, Maria da Graça Carvalho. Também João de Deus Pinheiro" (sic).

Identidades Canadianas

Desconheço que os portugueses sintam algum desconforto em relação ao seu modo de ser, podendo dizer-se que há um “povo português”, cimentado por uma coesão histórica de séculos, tal como há uma “comida portuguesa”, para não falar da “saudade”, palavra que expressa um significado bem característico de ser português.
Depois de algum tempo no Canadá, observo que não há uma “comida canadiana”, nem um “povo canadiano”. Da leitura dos jornais e das conversas, embora mais académicas, poderei dizer que a identidade canadiana é muito fluida, talvez pelo facto de o Canadá ser hoje em dia um país de migrantes, um país com muitas raízes multiculturais.
Daí que o canadiano, regra geral, veja dois tipos de povos: os migrantes, que fazem do país um vasto mosaico de línguas, e os aborígenes, os nativos, fortemente identificados na cultura e no artesanato. Por isso, o canadiano considera-se um colonizador dos aborígenes, olhando com nostalgia para o passado dos índios que o Canadá, enquanto nação e país, assimilou.

março 03, 2007

Serviço de Urgências



In
Expresso
3/3/2007

março 01, 2007

Inclusão escolar

O sistema educativo canadiano é descentralizado, estando a responsabilidade de decisão confiada a cada província ou território, com o seu ministro da Educação. Não existe, neste caso, um currículo nacional, nem tão pouco uma coordenação geral sobre, por exemplo, a idade de entrada na escola e sobre a duração dos níveis e ciclos de ensino, variando a escolaridade obrigatória dos 5 aos 18 anos.
A discussão de momento na Província British Columbia diz respeito à política de inclusão escolar. O ministro que tutela a educação pretende que os alunos com dificuldades especiais de aprendizagem frequentem esolas diferentes das escolas ditas "normais", onde estão inseridos neste momento.
Algumas associações de professores e pais pretendem que a educação e socilização destes alunos seja feita de um modo mais abrangente possível, sem a necessidade de criar espaços especiais de inclusão. Outros, e sobretudo em nome do princípio da livre escolha, defendem que é aos pais que cabe essa decisão, devendo a província assegurar, através do financiamento com dinheito oriundo dos impostos, a possibilidade de ser concretizada.
Se há situações de aprendizagem que reclaman a existência de escolas especiais, a política educativa de inclusão, pelo menos em Portugal tem sido esse o entendimento, faz-se pelo princípio da proximidade e não pelo da exclusão.