dezembro 18, 2007

Inglês

Por que razão o Inglês se torna cada vez mais uma língua franca?
Por que razão o Inglês é o mais utilizado como moeda da globalização?
É o Inglês a língua dominante na Internet?
Por que razão as pessoas de meios urbanos e de classe média aprendem cada vez mais o Inglês?
De que modo o Inglês está a tornar-se nativo?
Qual o peso do Português como língua mundial?

Bem, o melhor é ler o trabalho de Davi Graddol - English next. Why global english may mean the end of English as a foreign language
[http://www.britishcouncil.org/learning-resea
rch-english-next.pdf].

dezembro 09, 2007

Caminhos de Santiago

Autor - Carlos Silva
Edição: C. M. Paredes de Coura, Novembro de 2007

dezembro 08, 2007

Impressão digital

Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
Que eu vejo no mundo escolhos
Onde outros com outros olhos,
Não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores
Uns outros descobrem cores
Do mais formoso matiz.
Nas ruas ou nas estradas
Onde passa tanta gente,
Uns vêem pedras pisadas,
Mas outros, gnomos e fadas
Num halo resplandecente.
Inútil seguir vizinhos,
Querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.



António Gedeão

novembro 29, 2007

Metáfora

"Dão-nos uma cama de casal e depois só temos roupa de solteiro".
Ouvi, por estes dias, esta frase a alguém para descrever a realidade das escolas.
E aplica-se somente às nossas escolas?

novembro 19, 2007

Miguel Torga - Retrato

O meu perfil é duro como o perfil do mundo.
Quem adivinha nele a graça da poesia?
Pedra talhada a pico e sofrimento,
É um muro hostil à volta do pomar.
Lá dentro há frutos, há frescura, há quanto
Faz um poema doce e desejado:
Mas quem passa na rua
Nem sequer sonha que do outro lado
A paisagem da vida continua.

Escravidão do conhecimento

Em entrevista à "Pública", de 18 de Novembro de 2007, António Bracinha Vieira fala sobre o modo como nos tornámos escravos do incaracterístico, ou seja, mergulhados no fluxo da mercadoria, vivendo para consumir e agindo na base do individualismo.
Hoje em dia elimina-se tudo o que é complexo e defende-se a desvalorização do conhecimento no sentido mais humanista, privilegiando-se o conhecimento-mercadoria e, consequentemente, as ciências "que vão reforçar a indústria e aumentar os lucros das grandes sociedades".
E fala ainda:
"Para já, o apagar do Grego ou do Latim, da Filosofia e das Humanidades surgiu na lei, não estou a inventar esses factos, os governos começaram a decidir que não se ensinava isso nos liceus ou só em certos cursos. Os cursos de Filosofia e Humanidades estão a fechar porque não têm alunos, e porquê? Porque o dinheiro é o objectivo. Quem tem interesse em estudar Literatura quando isso não lhe resolve o problema da vida? É inútil em termos pecuniários".
E nesta voragem economicista do conhecimento, poderemos argumentar, há muitas outras áreas que não fazem parte de uma sociedade da informação e conhecimento, acentuando-se cada vez mais a tendência para a escola e universidade enveredarem por cursos predominantemente profissionalizantes.

novembro 14, 2007

No interior da escola...

Voltei a sentar-me nos bancos da escola primária, agora baptizada com o nome de 1º ciclo do ensino básico. Por mais pequeninas que sejam as cadeiras, consegui ficar à altura dos alunos e falar com eles sobre a escola que têm e sobre as actividades que realizam.
Sentem-se muito bem na escola e gostam desse seu mundo feito de exigências, de brincadeiras e de tudo o mais que as traquinices poderão deixar antever.
A sala de aula dos pequenotes é uma outra realidade: fichas de apoio, imagens, desenhos, mapas, jogos computadores, Internet ... sei lá o que mais dizer sobre as imensas e interessantes actividades que são usadas como recursos da aprendizagem.
Mas os pais querem mais: não gostam de uma escola isolada, pretendem que os seus educandos tenham todas as condições pedagógicas e exigem melhores instalações. Não acreditam jamais na escola de um professor, na sala da escrita e dos números, pois sentem que os tempos são outros e que o mundo deixou de caber num só manual.
Por mais estranho que pareça, os pais não estão presos à terriola da escola e lutam pelos centros escolares do 1º ciclo.
Lembrei-me, neste quadro, da situação de Paredes de Coura, um dos concelhos que promoveram com sucesso a concentração de escolas do 1º ciclo do ensino básico. Recordemos-nos dos medos iniciais e, sobretudo, da politização do caso. Seria a hora de balanços e, mais ainda, de admitir como é que os partidos são movidos mais por interesses meramente pessoais do que por ideias com futuro.
Mas os partidos políticos não gostam, nunca, dos seus passados, pois existem em função da promessa, a concretizar no futuro.

novembro 03, 2007

Ranking de quê?

Com base nos resultados dos exames nacionais (do 9º e 12º anos de escolaridade), os meios de comunicação social têm apresentado a lista seriadas de escolas (rankings). Trata-se de uma mera listagem de resultados e tudo o resto se pode inferir, como o têm feito muitos "opinions makers", sobre o modo de ser das escolas públicas e privadas.
Aceitando-se que são subsistemas diferentes, essencialmente marcados pela lógica do serviço público e pela lógica de mercado, respectivamente, aceitando-se que o currículo nacional é o mesmo, aceitando-se ainda que os professores têm idêntica formação, por que razão se insiste em comparar o que é obviamente diferente?
A diferença está nos alunos e seus contextos. Faça-se a experiência: mudem-se os alunos da primeira e última escolas, mudem-se os seus contextos e depois avaliem-se os resultados.
A mais-valia de uma escola privada está no seu poder de captar alunos e de seleccioná-los.
A pergunta incómoda: quantos alunos de escolas públicas podem frequentar as escolas privadas que os rankings colocam nos primeiros lugares?

outubro 30, 2007

O início do fim...

Andou por estes dias um governante por terras do Alto Minho e assinou uma série de compromissos. Um deles diz respeito a Paredes de Coura. O início do fim da obra, para a construção da ligação da sede do concelho à auto-estrada, nó de Sapardos, começou.
Na expressão latina -alea jacta est - a sorte está lançada. Resta esperar. Não sentados, mas vigilantes e atentos para que os tempos se cumpram, a obra ande e a via apareça.
Mais do que nunca, é necessário reivindicar, pois as promessas não podem ficar eternamente no papel.
Acredito que a ligação vai sair do papel e que Paredes de Coura vai ultrapassar um dos seus grandes obstáculos ao desenvolvimento.
Mas... não nos deixemos adormecer.

outubro 18, 2007

"Vende-se"

“Vende-se” – é a placa que mais encontro no concelho de Coura.
Em todo o lado, o frio das letras interioriza não a consagração do princípio do mercado, assente na oferta e procura, dependentes da vontade e necessidade do cliente, mas o esvaziar de espaços afectivamente construídos no caminhar de muitas gerações.

À minha volta, em Santa, o silêncio faz-se sentir. As crianças não brincam pelos caminhos, as pessoas não se cruzam como outrora e o “bom dia”, o “boa tarde” e o “boa noute”, como gostava de pronunciar meu pai, não se ouvem com tanta frequência.

Agora o carro também limita ainda mais essa comunicação de caminhos, mais forte há anos atrás porque todos se conheciam e para todos havia um registo muito personalizado.

As pessoas partiram, algumas para todo o sempre, e no seu lugar ficou a terrível placa “vende-se”.

Num espaço reduzido como é o monte de Santa identifico pelo menos oito lugares à venda. Mais do que a procura de novos donos, que trazem outros sonhos, e com quem não terei muito a oportunidade de dialogar, pois chegam e partem apressados, sinto o vazio dos que lá moraram, ainda que mentalmente possa reconstituir cenas e figuras do passado.

Em quase todos esses espaços, em abandono afectivo, há vidas que se cumpriram no amor eterno ao lugar, há vidas que partiram para outras terras e há vidas que ficaram desamparadas.

Podemos dizer que o ciclo das coisas é algo natural. A nossa humildade de humanos está precisamente na aceitação deste pressuposto que nos torna passageiros de uma viagem bem sinalizada. Mas se muitos partiram, o facto é que outros não lhes sucederam, prolongando o cordão umbilical das famílias. O ritual da sucessão quebrou-se, e daí o vende-se.

E esta placa, mais do que um negócio, é uma borracha que apaga os sentimentos dos lugares, tornando deléveis as imagens daqueles que conhecemos tão bem, por mais incisivos com que tenham sido registados.

Os que chegam de novo trazem os seus laços familiares, olham para os locais como moribundos afectivos e, passado algum tempo, afixam uma placa a dizer “vende-se”.

Neste ritmo de compra e venda, os sentimentos não são comercializáveis. Não há mercearia onde possamos comprar o que mais de familiar nos liga à memória viva dos lugares e não há dinheiro possível para um acto que se torna num verdadeiro sofrimento para quem decide escrever numa placa as sete letras (vende-se) que indicam o fim de um caminho percorrido com muitos afectos.

outubro 11, 2007

Cruzadas palavrosas

Filomena Mónica, ex-socióloga e actualmente opinion-maker, escreveu imenso sobre educação, sobretudo sobre Sociologia da Educação, nos primeiros anos de vida académica, e sobre exames, há uns anos atrás.
Como não compreendeu ainda muito bem como é que a escola funciona e quais são os factores pelo atraso endémico de Portugal, ultimamente tem zurzido nos doutores da educação, que elegeu como principal alvo de estimação.
Não consta, no registo político português, que algum desses doutores tenha sido ministro da educação. Daí que tivesse escolhido secretários de estado como alvo político fácil e que tenha atribuído, só na imaginação, claro, a Roberto Carneiro o título honorário de Doutor em Educação.
Mais do que criticar, e erradamente, seria bom que Filomena Mónica apresentasse ideias construtivas para a melhoria do sistema educativo e que, já agora, tivesse a oportunidade de as implementar.
Como seria a reforma educativa Maria Filomena Mónica?

outubro 01, 2007

Eleições

O PSD lá cumpriu o ritual de auto-flagelação em público, com as eleições para líder do partido, para escolher entre dois não-candidatos.
Ganhou um e perdeu outro, obviamente, perderam os dois, talvez, não ganhou nenhum deles, certamente.
Lendo os escritos e escutando os comentários das elites social-democratas, onde estão Pacheco Pereira e Marcelo Rebelo de Sousa, o que se avizinha é confrangedor para o partido e para o país. Vamos assistir à "gaiaziação"da política, mesmo que isso signifique ter lindas obras, que até apreciamos, mas uma dívida monumental ao nível da autarquia de Vila Nova de Gaia, primeiro quartel-general do agora líder Luís Filipe Menezes (o plagiante escrevinhador de blogues, como foi politicamente apresentado).
O que proporá Menezes para a educação? Se copiar as ideias neo-liberais será ainda muito pior daquilo que agora temos. Mas aguardemos.


setembro 29, 2007

setembro 28, 2007

setembro 24, 2007

setembro 20, 2007

setembro 18, 2007

setembro 16, 2007

setembro 11, 2007

setembro 06, 2007

agosto 31, 2007

E a educação?

O Presidente da República, a propósito do veto à lei que regulamenta a orgânica da Guarda
Nacional Republicana, diz que em questões de fundo, caso da defesa e segurança, é necessário um amplo consenso político e jurídico em sede parlamentar.
Todos estamos de acordo, decerto. Mas onde está a coerência do Presidente quando promulga a lei, apenas aprovada com os votos socialistas, sobre a reforma das instituições de ensino superior? Nem um único reparo, nem uma única dúvida, somente certezas. Estranho!!
Quer dizer, assim, que em matéria de educação não são necessários consensos. Restam as pobres palavras de políticos...

agosto 28, 2007

agosto 27, 2007

agosto 26, 2007

agosto 03, 2007

Conversar...

Nesta semana, desloquei-me a Joaçaba (uma pequena cidade - 30 000 habitantes), no interior do Estado de Santa Catarina, a fim de participar num Congresso, depois do convite endereçado por professores da Universidade do Oeste de Santa Catarina.
Apesar de ter dialogado com colegas de muitos pontos do Brasil, as conversas que mantive com um colega da Universidade de Lisboa constituíram um bom momento, sobretudo para saber mais sobre o meu país e para saber também para lá daquilo que os jornais não trazem ou deturpam.
Por mais que gostemos de contactar com as pessoas de um país estrangeiro, é sempre reconfortante falar com aquelas que conhecemos, podendo partilhar os mesmos problemas e formas de olhar para os factos, ou seja, aquilo que nos torna portugueses ou brasileiros.
Na leitura de um jornal, na audição de uma notícia, na visualização de imagens sobre pessoas ou sobre lugares, utilizamos, como cidadãos nacionais, uma linguagem que nos confere um modo de compreender a realidade em que estamos inseridos. E neste mar de globalização, que torna iguais tantas coisas, como se não existissem diferenças, temos, de facto, uma forma particular de nos ligarmos às pessoas e aos lugares. Tal identidade jamais poderá ser globalizada.

julho 31, 2007

Humanos versus tecnologia

Uma revista brasileira (Veja), com informações (ainda confidenciais) baseadas nos dados das caixas pretas do avião acidentado em Congonhas, atribui a culpa aos pilotos, deixando no ar a possibilidade de outros factores terem originado o tão mortal acidente: condições da pista e avaria da turbina.
No entanto, não há certezas absolutas. Somente são dados que necessitam de ser comparados, cruzados e reavaliados, pois como dizem os especialistas, um acidente desse género não é explicado por um único factor.
Apesar da manipulação dos dados, e a imprensa brasileira é especialista nesse género de coisas, tal como a portuguesa, se nos lembrarmos da polémica em torno da licenciatura do primeiro-ministro Sócrates, comprova-se que o avião andava com problemas de manutenção e que a pista apresentava sérios riscos.
Perante tudo isto, é mais fácil apontar o dedo e arranjar culpados, sendo que os humanos, que somos nós, perdemos sempre face à tecnologia, que nos quer comandar.


julho 30, 2007

Contacto com a natureza

Para lá dos postais turísticos mais conhecidos do Brasil (futebol, samba e praia) existe um outro Brasil maravilhoso que tanto podemos encontrar na Amazónia e Nordeste, quanto no Pantanal e sul do país. Este fim de semana pude conhecer a serra catarinense, bem no sul e com toda uma cultura gaúcha, apesar dos gaúchos serem os habitantes do Estado do Rio Grande do Sul.
Na fazenda Santa Rita, a 150 kms de Florianópolis, encontra-se o mundo rural brasileiro, no imaginário das fazendas, com as suas histórias, gastronomia e contacto com a natureza. Quando se entra nesse mundo real, como tive a oportunidade de concretizá-lo, neste fim de semana, há uma outra paz interior que se sente e partilha nas conversas e nos olhares presos a uma natureza que nos vai surpreendendo quer pela beleza das árvores (araucárias), quer pelos pássaros que nos convidam a escutá-los, quer ainda pelos trilhos que se percorrem a cavalo.

julho 28, 2007

Que miséria de aeroportos...

Voltei ao mundo caótico dos aeroportos brasileiros. Ainda com as imagens bem presentes do desastre da TAM, em Congonhas, decidi evitar S. Paulo. A viagem para o Recife, a partir de Florianópolis, e com escala em Brasília, foi de total confusão: filas no check-in, voos atrasados, incertezas e mais incertezas. De retorno a Florianópolis optei pelo voo para o Rio de Janeiro, mas a partida de Recife ainda foi de confusão e com algumas horas de atraso. Dois dias passaram, não para assistir aos jogos do Pan, mas para cumprir a agenda de colaboração luso-brasileira, e retomei a viagem. E surpreendentemente tudo foi normal, desde a ausência de filas no aeroporto internacional Tom Jobim (Galeão) até à partida e chegada nos tempos previstos. Será mesmo que a miséria da organização dos aeroportos brasileiros vai desaparecer?
Brasil, bem o mereceria.

julho 18, 2007

E do caos ... o desastre

E do caos que existia, que se sentia na pele de passageiro, resultou o maior desastre aéreo da aviação brasileira. O desastre de Congonhas (S. Paulo), onde pereceram quase 200 pessoas, doeu imenso, mais ainda quando é o resultado de tantas irresponsabilidades, sempre impunes. E a dor aumenta quando estamos perante um desastre anunciado, nos últimos tempos, tal foram os avisos de algumas pessoas e os mini-acidentes registados, incluindo o deslize de aviões aquando da aterragem. A morte de tantas pessoas é inglória, insensata e estúpida. Que a estupidez humana não permita que esta tragédia seja mais um na mera estatística das coisas da vida.


julho 17, 2007

Discriminação positiva

As universidades públicas brasileiras têm vindo a adoptar, nos últimos anos, o sistema de quotas, de modo a tornar mais igual o acesso ao ensino superior. Sendo a entrada na universidade determinada por um exame (o vestibular), os alunos oriundos do ensino secundário privado obtêm, regra geral, melhores resultados, cavando a grande contradição: os alunos da escola secundária privada vão para a universidade pública; os da escola secundária pública acedem à universidade privada.
A Universidade Federal de Santa Catarina também entrou no sistema de quotas, assim distribuídas: 20% de vagas para alunos do ensino público; 5% de vagas para alunos afro-ascendentes (negros e pardos); 5 vagas para alunos de origem indígena.
Os comentários que tenho lido são mistos: para uns, aumenta a discriminação, para outros, é um mecanismo mínimo de correcção.
De facto, é necessário olhar para a realidade educacional de um país e verificar quanto as desigualdades entre público e privado são notórias. Em cursos de certas universidades há décadas que não entra qualquer aluno do ensino secundário público, deixando-se que o poder de compra determine o acesso às profissões. Por isso, qualquer decisão para inverter esta tendência só pode ser elogiada.


julho 13, 2007

Um tal Zequinha...

A parcialidade tem limites. Sobre o jogo entre Portugal e Chile, que decorreu no Canadá, para o mundial dos mais jovens, um jornalista português escreve no jornal: "No aspecto disciplinar, a selecção portuguesa também deixou má imagem, nomeadamente depois de Mano ser expulso por agressão a um adversário e Zequinha se ter permitido tentar tirar o cartão vermelho da mão do árbitro, sendo imediatamente expulso".
Como vi o jogo em directo, transmitido pela Rede Bandeirantes, ainda no início da noite, dada a diferença horária de 4 horas de Brasil para Portugal, e me deliciei com os comentários, alegres, mas muito sarcásticos, dos repórteres brasileiros, a realidade é outra: um tal de nome Zequinha tirou o cartão vermelho da mão do árbitro, quando este o tinha bem levantado e direccionado para um outro jogador português. Bem, não tirou, roubou o cartão ao árbitro. É pena que os jornalistas portugueses não sejam imparciais. É a cena mais caricata que vi até hoje no futebol. E os comentadores televisivos brasileiros não deixaram de se rir à custa de um tal Zequinha, que pura e simplesmente deveria ser impedido de tornar a representar a selecção portuguesa. Mas que triste imagem estes jovens portugueses estão a dar a outros jovens. E depois ainda se fala de indisciplina na escola...

julho 11, 2007

Elas ... são melhores

Os resultados de diversos exames e concursos têm revelado, nos últimos tempos, que as mulheres alcançam melhores resultados do que os homens. Transportando esta conclusão para as escolas e universidades, observar-se-á que as raparigas se dedicam mais ao estudo e são mais persistentes. A respeito de resultados idênticos no Brasil, a discussão com alunos de pós-graduação da UFSC, Santa Catarina, no dia de ontem, surgiu normalmente, tendo sido avançadas três possíveis motivos para que isso aconteça: 1) as raparigas, no momento crucial do ensino secundário, estão numa outra fase de maturidade, que lhes confere dedicação e persistência; 2) as raparigas são mais obedientes e subjugam-se mais facilmente à cultura escolar (e este argumento foi proposto por uma mulher); 3) as raparigas, face ao mundo competitivo e masculino, interiorizam mais a necessidade de obter bons resultados, de modo a conquistarem a autonomia pessoal e financeira.

julho 01, 2007

Coura é amor

Coura é amor... (por favor, leia)...

junho 14, 2007

Frases infelizes

Um ministro em Portugal já teve que demitir-se por ter contado uma anedota, politicamente incorrecta, em público. Recentemente, um ministro português afirmou que para lá de Lisboa era o deserto. Ontem, uma ministra brasileira, referindo-se aos tempos de espera nos aeroportos, cada vez mais caóticos e enervantes, apenas disse isto: "relaxem e gozem". Como desconheço as particularidades dos políticos brasileiros, perguntei a alunos da Universidade Federal de Santa Catarina que actividade profissional tinha a ministra das cidades. Sexóloga, responderam. De facto, relaxar e gozar nos aeroportos até deve ser interessante!
O Gado Fedorento faria um bom magazine sobre essa estupenda sugestão.
Pena é que os políticos não sejam submetidos às mesmas formalidades que os restantes passageiros e que não disponham de tempo suficiente para usufruir os bons momentos que se passam nas salas dos aeroportos.
Enfim, frases infelizes de políticos...


junho 13, 2007

Presença portuguesa II

Florianópolis.
S. António de Lisboa.
Da colonização açoriana...

junho 11, 2007

Presença portuguesa


Florianópolis,
S. António de Lisboa.

Presença da
colonização

açoriana.

junho 07, 2007

Socialismo ou controlo?

Em artigo publicado na "Folha de S. Paulo", de 7 de Junho, Boaventura Santos escreve sobre o "Socialismo do século XXI, apresentando a Venezuela como país que colocou na agenda política o objectivo de lutar contra o capitalismo neoliberal. O articulista enumera, de seguida, alguns dos traços alternativos que emergem do novo rosto político: "um regime pacífico e democrático assente na complementaridade entre democracia representativa e democracia participativa, legitimidade da diversidade de opiniões, não havendo lugar para a figura sinistra do inimigo do povo".
O que se passa na Venezuela, de momento, é o contrário de tudo isto. Considerando-se um líder à altura dos acontecimentos da revolução francesa, que em 1789 confere poderes aos mais pobres, o presidente venezuelano decide silenciar e controlar os meios de comunicação social, para que no país não haja vozes diferentes e reaccionárias, submetidas ao império ideológico americano e também ao europeu.
Perante as manifestações de estudantes dos últimos dias, a figura-modelo da democracia do século XXI acusa os reitores, elegendo-os como próximas vítimas: "saberão esses reitores da tamanha responsabilidade que eles têm como autoridade universitária? Imagino que não exista nenhum reitor inocente do jogo imperial. Estão tentando usar os meninos e as meninas como bucha de canhão para produzir a grande explosão" .
É este o exemplo da alternativa política?

Florianópolis


Mercado

junho 04, 2007

Florianópolis


Figueira,
Praça XV

maio 29, 2007

Contestação

A contestação dos alunos do ensino superior é mais reivindicativa no Brasil do que em Portugal. No território português, e com as novas formas de competitividade académica, os alunos tornaram-se passivos. Sempre lhes disse isso. Protestam no discurso e na prática tudo se mantém. Por terras brasileiras, dois casos: alunos da USP (Universidade de S. Paulo) estão em greve, com ocupação da reitoria, há 27 dias; alunos da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) provocaram o caos no trânsito de ontem de manhã e do fim da tarde, bem no centro de Florianópolis. Os primeiros em protesto contra a nova lei da autonomia, os segundos contra o aumento da tarifa dos transportes.

maio 26, 2007

Sábado de manhã

O sábado de manhã é um dos melhores dias para visitar o centro da cidade de Florianópolis. A praça XV de Novembro, em pleno coração da urbe com vestígios açorianos, torna-se num espaço obrigatório, sobretudo para admirar a veterana figueira. As ruas contíguas, as que dão acesso ao mercado, fervilham de pessoas, num ambiente calmo e seguro, somente interrompidas pela algazarra do comércio e pela dança da capoeira, que se encontra numa ou noutra esquina.
O mercado é o ex-libris da cidade, sendo inesquecível percorrer as suas alas estreitas, num mundo de gente, e olhar demoradamente para os produtos. A Box 32 é o santuário dos bares e só uma cerveja (ou um suco), acompanhada de um pastel, é que nos pode dar o prazer de estar lá, querendo que o tempo congele.

maio 25, 2007

Novos desafios?

O Presidente da República afirmou, numa visita a uma autarquia, que "no futuro, os autarcas vão ter que prestar mais atenção ao fortalecimento da base produtiva dos concelhos”, pois “não daqui a muito tempo, irão receber novas competências nos domínios do desenvolvimento social, saúde e educação".
A partir destas palavras, deixo duas questões, colocadas a partir de Paredes de Coura: 1) qual é a base produtiva do concelho de Coura?; 2) de que autonomia disporão os concelhos para uma gestão democrática pensada de baixo para cima?
Sobre a primeira, não restam dúvidas que a ruralidade jamais pode ser a base produtiva do concelho, embora também duvide que o trabalho não especializado possa ser a solução. O sector do turismo tem sido apontado como panaceia, mas não é possível divulgar o concelho com as condições de acessibilidade que existem.
Quanto à segunda, os concelhos só exercerão competências nos domínios da educação, saúde e das questões sociais se à consignação dos deveres forem associados os recursos financeiros. Nenhum município poderá ser autónomo se não dispuser das contrapartidas do orçamento de estado.


Diferenças

Brasileiros e portugueses falam a mesma língua, mas diferenciam-se na ortografia e estrutura sintáctica.
O significado de certas palavras também é muito diferente, sendo necessário conhecer a realidade dos dois países para não se cair em situações algo incómodas. Cada vez mais mantemos a identidade linguística quando são publicados textos nos dois países, sendo certo que escrever e ler em "português do Brasil" ou em "português de Portugal" é diferente. Trata-se de um regra que os académicos têm adoptado, ainda que se verifiquem algumas excepções.

Dentro das diferenças que nos unem, registo no quotidiano das vivências brasileiras palavras que manifestam a dinâmica e a vivacidade da língua portuguesa.
Refiro pelo menos duas: revistaria (local de venda de revistas e jornais - por que razão não passamos a chamar aos quiosques portugueses jornalarias?); educandário (escola com a educação pré-escolar, ensino básico e secundário).

maio 24, 2007

De regresso

De regresso a Florianópolis, escolho o dia não para viajar. Uma deslocação de trinta minutos de avião transformou-se num calvário de horas e isto porque a viagem, com partida de Curitiba, foi cancelada. Protesta-se, mas não adianta, o nome de passageiro é um simples número. Fui colocado num voo para S. Paulo e quando lá chegava o aeroporto de Congonhas foi fechado, por motivos de obras na pista principal e condições climatéricas. Mas fiquei ao lado, no aeroporto internacional - Guarulhos.
Chegado a Floripa, para utilizar o nome afectivo da região, fui encontrar um trânsito assustador devido à greve de funcionários públicos. Enfim, que dia mais difícil para viajar... E na serra catarinense nevava e o Figueirense perdia com o Botafogo 3-1, mas passava à final da copa do Brasil. E a noite foi de festa, igual àquela que os benfiquistas fazem quando estão muito tempo sem ganhar nada.

maio 23, 2007

Num estado democrático...

Num estado democrático, ainda é possível instaurar inquéritos disciplinares porque um professor falou sobre o primeiro-ministro e, possivelmente, da sua licenciatura. Numa sociedade plural, discordar dos outros, colocar no diálogo assuntos "politicamente proibidos", para certas pessoas "hierarquicamente" investidas de funções e competências, ainda é um acto de desrespeito. Em vez de processos disciplinares, de comunicados, como o do dia 23 de Maio, da DREN, não seria melhor que os responsáveis pelas estruturas desconcentradas do Ministério da Educação se preocupassem com os problemas pedagógicos e curriculares da escola portuguesa?

maio 20, 2007

Praça Garibaldi

Ao caminhar pelas ruas do centro histórico de Curitiba, confirmo a beleza da cidade verde e o cuidado da prefeitura relativamente à limpeza. Trata-se de um lugar que deveria merecer a visita de muitos presidentes de câmara, sobretudo os das cidades (com a obrigatoriedade para o de Braga), pois é possível manter uma urbe bem asseada com poucos recursos. Só que o cimento não poderá ser a principal opção.
No centro histórico, muito bem conservado, realiza-se, a partir da praça Garibaldi, uma feira de artesanato pelas manhãs de domingo, sendo possível registar vivências e modos de ser dos curitibanos. Em qualquer feira deste género, que se repete por todo o Brasil, o que mais me agrada é a pintura, com todo o tipo de expressão artística e cores bem brasileiras.

maio 19, 2007

Escola a tempo inteiro

Na "Folha de S. Paulo", um dos jornais mais lidos do Brasil, está uma notícia relativa à "escola integral", cujo projecto começa a ser adoptado por vários Estados, no seguimento de uma recomendação do Estado federal.
Perante as "actividades de contraturno", professores e pais brasileiros interrogam-se sobre as vantagens e/ou desvantagens de os alunos estarem a tempo inteiro na escola. Recusando as actividades de cuidado, pois essas pertencerão à família, os professores aceitam-nas, mas desde que tenham reflexo nas aprendizagens dos alunos.
O prolongamento das actividades no 1º ciclo em Portugal fez-se com pouca discussão e com muita convicção, faltando avaliar até que ponto são actividades, efectivamente, curriculares ou actividades de cuidado.



maio 18, 2007

Curitiba

Mal desfiz a mala, ocupando um apartamento no centro da cidade de Florianópolis, em plena beira-mar, logo corri para o aeroporto a caminho de Curitiba, a capital do Estado de Paraná, onde me espera um árdua agenda, na Universidade de Tuiti.
Curitiba é a cidade verde do Brasil, sendo muito conhecida pelos inúmeros e grandiosos parques, pela presença das árvores (araucária, talvez seja a mais nobre de todas) e pelo sistema inovador de transportes públicos.
No entanto, neste fim de semana, Curitiba é chuvosa, triste e cinzenta.

Florianópolis

Depois de uma longa viagem de 10h, tendo embarcado no aeroporto do Norte, dificilmente reconhecido pelo seu nome, mas pelo da cidade do Porto, cheguei ao Rio de Janeiro. Invariavelmente, fui para o mesmo hotel, em Copacabana, na Avenida Atlântica, percorri um pouco as ruas e tive a oportunidade de jantar e almoçar com dois bons amigos brasileiros. No dia seguinte, e numa viagem mais curta, cheguei a Florianópolis, para uma estada prolongada, na Universidade Federal de Santa Catarina.
É desta cidade, de tez europeia e de veias brasileiras, que escreverei alguns dos próximos "posts".

maio 06, 2007

Dia da mãe

Para lá do significado dos dias-marcadores, reconhecendo-se que o da Mãe e o do Pai são muito especiais, existe sempre o que cada de um nós pode acrescentar individualmente ao que social e culturalmente se entende por estes dias. A presença de uma mãe e de um pai é permanente, mesmo que deixemos de ouvir as suas vozes, olhar os seus sorrisos e sentir o seu amor.

abril 30, 2007

Autoridade (II)

A autoridade dos professores sobre os alunos estará de regresso, pelo menos ao nível dos normativos, conforme pretendem os responsáveis políticos.
Tudo muito simples: a indisciplina e violência nas escolas resolve-se com autoridade. E como se resolve dentro da sala de aula? Também com mais autoridade?
Se sim, estamos no reino da pedagogia musculada.
Se assim fosse, há muito que o problema estaria resolvido. Quando os problemas são complexos não basta puxar pelo bastão do poder, sendo necessário tentar compreender o porquê desses problemas. No entanto, a educação vai-se transformando num amontoado de normativos que em nada contribuem para a resolução dessa questão.

março 25, 2007

Indisciplina

A indisciplina nas escolas portuguesas é um tema recorrente, procurando-se em cada entrevista, em cada estudo, em cada análise os factores preponderantes.
Em entrevista ao JN, João Amado, Universidade de Coimbra, e João Lopes, Universidade do Minho, reflectem sobre uma realidade com a qual os professores aprenderam a viver.
Contudo, não creio que a solução passe por mais autoridade, nem mesmo por mais formação.

março 24, 2007

Niqab (II)

A província de Quebec, uma das dez províncias do Canadá, acaba de proibir o uso do véu muçulmano ( Niqab) por parte das mulheres que exerçam o seu direito de voto. Se o utilizarem, devem ter o rosto bem visível, de modo que possam ser facilmente reconhecidas.
O motivo que fundamenta a decisão é somente político, acreditando-se que a identificação das pessoas é, acima de tudo, uma questão de democracia e não de acomodação pessoal.

março 23, 2007

Mais encerramentos?

O Sindicato de Professores da Região Centro denunciou, a agência LUSA difundiu e o Ministério da Educação desmentiu, do seguinte modo:
"O Ministério da Educação desmente formal e categoricamente que haja qualquer sinalização de jardins-de-infância para futuro encerramento...".
Bem, vamos esperar para ver...

março 21, 2007

Niqab

Quando se pretende justificar uma questão política através de um argumento sem sentido tudo se torna mais ridículo.
Uma Comissão, intitulada para a Educação e Perícia, aconselha a proibição do véu (Niqab) pelas muçulmanas em escolas inglesas por questões de segurança e de aprendizagem, na medida em que, segundo os ditos especialistas, "o niqab não permite ao professor saber se a aluna está feliz ou triste, se está a rir ou a chorar", embora também admitam que "não está provado que prejudique a aprendizagem."
Enfim, se a utilização do véu é um assunto religioso, e também cultural, é completamente ridículo invocar um factor pedagógico para justiticar uma decisão que se inscreve numa agenda estritamente política, sobretudo no combate ao terrorismo.
Seria muito mais sensato que o problema fosse resolvido somente na base de argumentos políticos.

março 20, 2007

Vancouver (Capilano)


Vancouver (Capilano)


Vancouver (Capilano)


Escolas S.A.

O presidente da Parque Escolar, em recente entrevista, declarou que as escolas poderão ter no seu interior unidades de negócio, que visam racionalizar produtos e serviços tanto em horário escolar, quanto em horário pós-escolar. E mais disse: "As regras vão ser a criteriosa escolha de produtos e de fixação de preços (não se trata de um mini centro comercial) e o rigoroso controlo de qualidade dos produtos a vender".
De facto, a lógica de mercado age muito mais depressa do que pensamos.
Por isso, bem-vindos às escolas do futuro- as Escolas S.A.

março 16, 2007

março 13, 2007

Vancouver


As árvores
morrem
de pé...

Vancouver



Espreitando o
Pacífico...

março 12, 2007

Público/Privado

A proposta, apresentada por partidos de esquerda, para a criação de um serviço nacional de segurança social
na Suiça acaba de ser rejeitada por 70% do eleitorado. Com uma tradição de participação nas questões públicas, através do referendo, a Suiça, dentro do seu mosaico de descentralização, reconhece que entre público e privado há aspectos que necessitam de ser repensados, pois se não é verdade que "tudo o que é privado é bom, tudo o que é nacional é mau", também não será totalmente correcto dizer que "tudo o que é nacional é bom, tudo o que é privado é mal".

março 09, 2007

Professor Titular

O Ministério da Educação começa a regulamentar o Estatuto da Carreira Docente, dando prioridade ao concurso para Professor Titular.
O texto que está em discussão, ainda que este termo não tenha um significado acrescido para a 5 de Outubro, estabelece uma série de critérios, que globalmente podem ser adequados.
O problema residirá sempre em saber se o que deve ser salientado é o professor-administrativo, aquele que desempenha essencialmente cargos de gestão escolar e pedagógica, ou o professor-investigador, o que faz da sua prática uma constante problematização em termos pedagógico e curricular.
A funcionarização do professor é algo que tem vindo a consolidar-se nas escolas portuguesas, podendo este diploma introduzir outros critérios imprescindíveis para a sua avaliação, caso da formação pós-graduada.
No entanto, o que o professor faz no que diz respeito a projectos e práticas de investigação escolar parece insuficientemente valorizado.

março 07, 2007

Relatório do Conselho Nacional de Educação

O Debate Nacional sobre Educação, que decorreu de 21 de Maio de 2006 a 22 de Janeiro de 2007, está aprresentado no relatório do Conselho Nacional de Educação.
O Debate pôs em evidência alguns problemas bem conhecidos, como sejam, o abandono escolar precoce e desqualificado (antes do 12º ano), o baixo nível dos resultados de aprendizagem e as taxas de conclusão dos cursos superiores insatisfatórias.
Acresce que a educação continua a não ser uma prioridade para muitas autarquias, empresas, organizações da sociedade civil e famílias o que se traduz na fraca articulação das instituições sociais locais com a escola, a par de algum desinteresse das famílias, justificado pela sua falta de disponibilidade face às exigências do mercado de trabalho.
Constata a permanência de desigualdades no acesso e sucesso dos alunos. Os oriundos de famílias de melhor nível cultural são os que chegam mais facilmente ao ensino superior. A crescente desigualdade social e a diversidade cultural, resultante da presença de novos grupos étnicos na escola, constituem dificuldades acrescidas no desempenho da missão da escola.
Considera que o actual modelo de administração educativa, caracterizado pelo centralismo burocrático, em detrimento de processos mais contextualizados e autónomos da acção educativa, constitui uma limitação que impede frequentemente a melhoria do sistema.
Outro facto identificado é o de as escolas estarem sobrecarregadas com vastas funções sociais que as afastam da sua missão central. Esta situação afecta, especialmente, as que recebem populações com problemas de inclusão social provocando uma desigualdade de condições no cumprimento da missão da escola.
A cooperação entre as escolas e as famílias é reconhecida como uma das chaves do sucesso escolar, mas encontra-se prejudicada quer pelas famílias que transferem para a escola todas as missões educativas, quer pelas escolas que dificultam a participação das famílias.
Identificadas as questões críticas mais prementes, o relatório propõe uma estratégia “nacional” de melhoria da educação em Portugal, de natureza política, e apela à intervenção de todos, no sentido de superar as tradicionais opções de natureza exclusivamente administrativa e técnica.
Esta estratégia assume o paradigma da Aprendizagem ao Longo da Vida, o que implica uma orientação assente nas seguintes prioridades: Alargar a educação de infância, desenvolvendo a rede de educação de infância dos 0 aos 3 anos e intensificando o esforço de universalização da educação pré-escolar dos 3 aos 5 anos; maior atenção e cuidado com as crianças e jovens com necessidades educativas especiais; criação de ofertas formativas diversificadas que permitam satisfazer uma maior procura de aprendizagem de jovens e adultos pouco escolarizados; promoção de novas oportunidades de aprendizagem para os mais desfavorecidos; incremento do reconhecimento, validação e certificação de importantes competências adquiridas ao longo da vida e no exercício profissional, como estratégia de melhoria do nível geral de qualificação da população e de estímulo à procura de mais educação e formação; criação de condições de apoio às decisões familiares de maior investimento na educação escolar dos filhos; clarificação e reforço das responsabilidades dos municípios na educação; melhoria da qualidade do ensino superior e da investigação científica e tecnológica.
Em síntese, muitos dos problemas que ocorrem nas escolas não são problemas escolares nem podem ser resolvidos com a acção isolada das escolas e dos seus professores. A promoção de melhor educação é tarefa de todos e terá de passar por compromissos sociais muito concretos, tanto nacionais como locais. Comunidades particularmente ricas em oportunidades de acesso e usufruto de bens educativos e culturais são também comunidades em que a frequência escolar é incentivada e o sucesso escolar é potenciado.

março 05, 2007

Autoridade?

Os discursos sobre a autoridade dos professores e das escolas está de novo na agenda política com o anúncio da alteração do estatuto do aluno, de modo a considerar as agressões a professores como crimes públicos. Em primeiro lugar, há aqui duas contradições gritantes: ao mesmo tempo que se retira credibilidade profissional ao professor, convertendo-o num funcionário administrativo, procura-se acrescentar-lhe alguma credibilidade social; por um lado, a educação deixará de ser um serviço público, conforme intenção declarada deste governo, por outro, a violência contra um professor será crime público. Trata-se de um mero jogo de linguagem?
Em segundo, com o retorno à autoridade há mais uma vez uma medida de remendo político, já que se procura incidir nos efeitos, sem ter em conta as causas. Se a indisciplina é uma realidade em muitas escolas, nalgumas será mesmo insuportável, também é verdade que a escola e o conhecimento, que os alunos aprendem, não estão devidamente reconsiderados numa possível estratégia de mudança.
Contudo, devemos reconhecer que o “politicamente correcto” está em proclamar mais autoridade e não propriamente em tentar resolver os problemas de uma forma mais substantiva e global. Quem perde, neste caso, é a escola, são os professores e os alunos.

"Professor Horista"

No Brasil, o docente que desempenha a actividade sem um vínculo à instituição é designado por "Professor horista", isto é, o professor que ganha à hora, como estivesse a desempenhar um mero serviço.
Se os ensinos básico e secundário já têm esta situação, reforçada agora no 1º ciclo do básico pelos professores responsáveis pelas actividades de enriquecimento curricular, sem um vínculo à autarquia ou ao ministério, e em muitos casos contratados por empresas, o ensino superior corre para esse caminho, se o ministro persistir, com as suas políticas restritivas em termos de orçamento, em mandar para o desemprego muitos docentes.

março 04, 2007

A Origem dos Ministros

O Reitor da Universidade Técnica de Lisboa, em entrevista ao PÚBLICO, de 4 de Março de 2007, revela a origem de muitos ministros da educação... e depois os Outros é que são responsabilizados....
"É verdade! Desde há muito tempo que os presidentes da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) têm sido da UTL, assim como os ministros da Educação, Ciência e Ensino Superior: Roberto Carneiro, Marçal Grilo, Mariano Gago, Pedro Lynce, Maria da Graça Carvalho. Também João de Deus Pinheiro" (sic).

Identidades Canadianas

Desconheço que os portugueses sintam algum desconforto em relação ao seu modo de ser, podendo dizer-se que há um “povo português”, cimentado por uma coesão histórica de séculos, tal como há uma “comida portuguesa”, para não falar da “saudade”, palavra que expressa um significado bem característico de ser português.
Depois de algum tempo no Canadá, observo que não há uma “comida canadiana”, nem um “povo canadiano”. Da leitura dos jornais e das conversas, embora mais académicas, poderei dizer que a identidade canadiana é muito fluida, talvez pelo facto de o Canadá ser hoje em dia um país de migrantes, um país com muitas raízes multiculturais.
Daí que o canadiano, regra geral, veja dois tipos de povos: os migrantes, que fazem do país um vasto mosaico de línguas, e os aborígenes, os nativos, fortemente identificados na cultura e no artesanato. Por isso, o canadiano considera-se um colonizador dos aborígenes, olhando com nostalgia para o passado dos índios que o Canadá, enquanto nação e país, assimilou.

março 03, 2007

Serviço de Urgências



In
Expresso
3/3/2007

março 01, 2007

Inclusão escolar

O sistema educativo canadiano é descentralizado, estando a responsabilidade de decisão confiada a cada província ou território, com o seu ministro da Educação. Não existe, neste caso, um currículo nacional, nem tão pouco uma coordenação geral sobre, por exemplo, a idade de entrada na escola e sobre a duração dos níveis e ciclos de ensino, variando a escolaridade obrigatória dos 5 aos 18 anos.
A discussão de momento na Província British Columbia diz respeito à política de inclusão escolar. O ministro que tutela a educação pretende que os alunos com dificuldades especiais de aprendizagem frequentem esolas diferentes das escolas ditas "normais", onde estão inseridos neste momento.
Algumas associações de professores e pais pretendem que a educação e socilização destes alunos seja feita de um modo mais abrangente possível, sem a necessidade de criar espaços especiais de inclusão. Outros, e sobretudo em nome do princípio da livre escolha, defendem que é aos pais que cabe essa decisão, devendo a província assegurar, através do financiamento com dinheito oriundo dos impostos, a possibilidade de ser concretizada.
Se há situações de aprendizagem que reclaman a existência de escolas especiais, a política educativa de inclusão, pelo menos em Portugal tem sido esse o entendimento, faz-se pelo princípio da proximidade e não pelo da exclusão.

fevereiro 27, 2007

De reforma em reforma...

Stio do Ministério em 26 de Fevereiro de 2007:
"O Grupo de Avaliação e Acompanhamento da Implementação da Reforma do Ensino Secundário entregou ao Ministério da Educação o seu primeiro relatório com recomendações.
As sugestões feitas assentam na cenarização e ponderação de argumentos de sinal contrário.
O documento identifica quatro pontos críticos, que requerem decisões mais urgentes.
O primeiro é o reforço das vertentes prática e/ou experimental nos cursos científico-humanísticos.
Esta recomendação traduz-se, designadamente, pelo aumento da carga horária em um tempo lectivo (90 minutos), se bem que associado à extinção da disciplina de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) enquanto obrigatória no 10º ano, tal como se menciona adiante, e pela formação de professores.
O segundo decorre de o curso de Línguas e Literaturas oferecer uma formação precocemente especializada e conducente a um reduzido leque de opções no prosseguimento de estudos.
O Grupo recomenda a extinção deste curso, com a correlativa integração das suas disciplinas específicas no leque de optativas bienais e anuais do curso de Ciências Sociais e Humanas.
Sobre as TIC, no que é o terceiro ponto considerado, o Grupo defende a sua antecipação para o ensino básico, uma vez que entende que se deve garantir o desenvolvimento das suas aprendizagens ao longo do 3.º ciclo do ensino básico.
O objectivo enunciado é o de, à saída do 9.º ano, todos os alunos estarem habilitados a usar aquelas ferramentas no seu quotidiano e na sua vida escolar.
Por fim, no quarto ponto, relativo à Educação Física, o Grupo valoriza a consideração desta disciplina na conclusão do Ensino Secundário" (sic).

Cântico Negro



Não sei por onde vou,
Não sei por onde vou
-Sei que não vou por aí!

In Cântico Negro,
José Régio

fevereiro 26, 2007

Banff


Banff, Alberta, Canadá

fevereiro 25, 2007

Humor


Banff


Banff, Calgary, Canada

fevereiro 22, 2007

Conferência

Third Biennial Provoking Curriculum Conference Inquiry
in the Age of Shifting Borders and Spaces

Banff, Alberta,

Canada, 22-24, February
2007

fevereiro 21, 2007

Vancouver



Relógio no centro de Vancouver

fevereiro 20, 2007

Referências

Na procura de referências a trabalhos no âmbito da Educação, ver:
http://edrev.asu.edu/index.html

fevereiro 19, 2007

Palhaçada política

Jardim demite-se do Governo Regional da Madeira e recandidatar-se-á a novo mandato. Os partidos de esquerda criticam o momento irrisório, inlcuindo também a crítica do CDS.
Quanto ao PSD, enfim, o esperado: está totalmente de acordo.
Pois é, com um PSD assim fluido, sem rumo político, mesmo que signifique contrariar interesses regionais cristalizados no tempo, qualquer primeiro-mimnistro do PS tem a rédea solta. E Sócrates beneficia desse estado de deserção que reina no PSD "marquesado".

Vancouver


St. John College

Vancouver


University of British Columbia

Vancouver



Vancouver: praia de madeira...

Vancouver



Vancouver no Inverno e com as águas do Pacífico.

fevereiro 17, 2007

Política de números

Em protesto contra a política de saúde, que lhe impõe o fecho das urgências no concelho, o Presidente da Câmara de Valença do Minho - Drº José Luís Serra - demitiu-se de todos os cargos no PS. Idêntica posição tomou a Direcção da Concelhia.
Perante o facto consumado, e perante uma política que está a penalizar fortemente o interior e os pequenos concelhos, a que Paredes de Coura também não escapará, Valença significa uma pedrada no charco político, fazendo ver ao primeiro minsitro que está a enveredar pelo caminho errado. Não sendo meros números estatísticos, os habitantes do Alto Minho, e também os do interior, são pessoas que confiaram numa política de saúde equilibrada e digna. Ora, quem ganhou as eleições e quem tem o dever de governar, com as pessoas e para as pessoas, é o PS e não os técnicos que colocam o seu nome nos relatórios encomendados e pagos pelo governo. Se assim fosse, os partidos políticos poderiam ser substituídos por peritos, a quem nada exigiríamos porque também neles não votaríamos.

Falhas

O Dr. António Correia, director da Segurança Social de Viana do Castelo, admite, com rara frontaliadade no desempenho de cargos públicos, pois exerce as suas actividades pela competência profissional e não pelo cargo de cor partidária, que houve falhas do sistema de protecção de menores no caso da criança de dois anos que morreu em Dezembro, em Monção, alegadamente vítima de maus-tratos.
O que não diz o registo noticioso da LUSA é quem de facto tem a responsabilidade, a partir do momento em que a criança sai da tutela de Viseu e entra na de Viana do Castelo. Seria necessário que a responsabilidade indirecta do Estado fosse inteiramente apurada.

Casa da Leitura

Casa da leitura (www.casadaleitura.org ), um sítio da Fundação Calosute Gulbenkian, é um óptima ideia e um excelente contributo educacional.

fevereiro 16, 2007

Avalição aferida

Por Despacho de 14 de Fevereiro, o Ministério da Educação alterou mais uma vez a modalidade de avaliação aferida, que se destina a avaliar globalmente as aprendizagens dos alunos, sem qualquer efeito na sua progressão, mas servindo de indicador avaliativo tanto para as escolas quanto para o próprio Ministério.
Criada pelo Despacho 98-A/92, a avaliação aferida foi introduzida no sistema educativo português, em regime experimental, em 1999, através de uma amostra de alunos do 4º ano de escolaridade.
O problema tem sido o de saber a quem aplicar esta avaliação e que regime se deve seguir em termos de amostra ou de população, mantendo-se apenas a decisão de a utilizar nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática.
Em 2000 foi aplicada a uma amostra de alunos do 4º ano; em 2001 a todos os alunos dos 4º e 6º anos; em 2002 a uma amostra do 4º ano e ao universo dos alunos dos 6º e 9º anos; em 2003, por sistema de amostragem, nos 4º, 6º e 9º anos; em 2004 a uma amostra do 4º e 6º anos e ao universo dos alunos do 9º ano; em 2005 ao universo dos alunos, com a particularidade de o aluno, conforme Despacho nº 5208/2005 (2ª Série), de 18 de Fevereiro, publicado no Diário da República, II Série, de 10 de Março de 2005, ter de assinar a respectiva prova.
Com a recente decisão, o Ministério não só mantém a identificação obrigatória dos alunos, bem como a torna imperativa a todos os alunos, decidindo ainda a sua aplicação somente aos 4º e 6º anos, dada existência dos exames nacionais no 9º ano.
Por norma, a avaliação aferida é aplicada a uma amostragem de alunos, pois os resultados que proporciona às escolas e ao Ministério serão sempre os mesmos, aplique-se ou não a uma amostra ou ao universo de alunos, não fazendo qualquer sentido insistir que se trata de um exame.
Pelo menos mentalmente para os alunos e para muitos professores, a avaliação aferida tem essa função bem explícita, constituindo mais um mecanismo de controlo curricular.

fevereiro 15, 2007

Vancouver





Vancouver - uma cidade
de portos e marinas

fevereiro 13, 2007

Charles Darwin

Para um melhor conhecimento educacional de Charles
Darwin (1809-1822), existe este excelente sítio na Web.

Vancouver


Um dos lugares mais belos de
Vancouver é o "Stanley Park",
que traduz a relação perfeita entre
a água, a árvore e o cimento.

fevereiro 12, 2007

Sim... Sim.

Ainda que não seja vinculativo, o Sim ganhou de forma significativa (59,25% contra 40,75%) no referendo, não participado por 56,39% dos eleitores portugueses. Deste modo, a Assembleia da República tem legitimidade acrescida para mudar o artigo do código penal no sentido da despenalização do aborto até às dez primeiras semanas.
Olhando-se geograficamente para os resultados, constata-se a existência de um país claramente fracturado entre Norte e Sul, com alguns distritos do Centro a inclinarem-se para o Sim.
Braga - tanto o concelho (52,02%) quanto o distrito (58,80%) - votou pelo Não e o distrito de Viana do Castelo também votou Não (54,14%), com excepção de Caminha.
Em Paredes de Coura, o Não (58,59%) ganhou ao Sim (41,41%), com uma abstenção elevadíssima (70,50%).
Ao nível dos resultados das freguesias, o Sim ganhou somente em Paredes de Coura (57,76%), Cossourado (52,27%), Formariz (51,03%)e Rubiães (50,93%).
Os políticos têm agora a acção legislativa, não sendo necessárias mais palavras.

fevereiro 11, 2007

Sim

11 de Fevereiro de 2007 é um dia que pode ficar registado no calendário político caso o Sim, no referendo sobre o aborto, seja afirmado por mais de 50% dos eleitores inscritos. Não sendo uma decisão ideológica e política, o aborto é um assunto ético, que diz respeito às pessoas e só elas é que deveriam julgá-lo, no quadro de determinados condicionalismos.
Sendo também uma questão social, seria fundamental que a consciencialização das pessoas para o aborto estivesse ligada à Educação sexual, cada vez mais longe das escolas portugueses. No parecer do Conselho Nacional de Educação é dito que a Educação sexual é uma peça fundamental do puzzle da educação orientada para a formação pessoal e social.

fevereiro 10, 2007

"Desestatização"

“O Governo limita vínculo à função pública a defesa, segurança, diplomacia e justiça”

Porque a maioria parlamentar aprovará esta alteração, a educação não fará parte da nuclearização das funções do Estado, podendo os professores deixar de ter um vínculo profissional tal como hoje em dia têm, aliás como já foi recomendado, na “sabedoria” dos peritos da OCDE, para o ensino superior. Se a sociedade portuguesa caminha a passos largos para a “desestatização”, com a particularidade dessa agenda ter o selo do PS, quando seria normal que fosse um partido de direita (razão porque o PSD está tão caladinho) a estampá-lo, a educação começará necessariamente a ser questionada.
Se é certo, pela força da constituição, que o Estado “não pode programar a educação e a cultura segundo quaisquer directrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas”, também é certo que o Estado pode não ter argumentos para definir o que é que os alunos, ao nível do currículo nacional, devem aprender na escola.
Acredita-se, e pena é que mais uma vez o PS desempenhe esse papel, que o mercado funciona melhor que o Estado. E pergunto: estas medidas constavam do programa apresentado pelo PS e por Sócrates? Se sim, estávamos completamente distraídos, se não, alguém nos engana.

Vancouver

Um dia de inverno em Vancouver é despido como o de qualquer região
e a Primavera ainda não se anuncia...